16/11/2016

Nem te olho: Mais ricos prestam menos atenção aos outros

Redação do Diário da Saúde
Nem te olho: Ricos prestam menos atenção a outras pessoas
Pessoas que se consideram de classe alta prestam muito menos atenção a transeuntes do que pessoas que não se consideram ricas.
[Imagem: Wikimedia/Carl Purcell]

Nem te olho

O grau com que outras pessoas chamam sua atenção pode depender da sua classe social - ou de como você se sente socialmente classificado.

Pessoas que se classificam como membros de uma classe social relativamente alta dedicam menos tempo para olhar para pessoas que passam ao seu redor, em comparação com aquelas que não se classificam como tão bem de vida.

E não parece ser intencional: A diferença resulta de processos espontâneos relacionados à percepção e à atenção.

"Seja no campo, no laboratório ou em estudos on-line, nossas pesquisas documentam que os seres humanos são mais propensos a capturar a atenção de indivíduos de classe baixa do que a atenção de indivíduos de classe mais alta," confirma a professora Pia Dietze, da Universidade de Nova York (EUA). "Como outros grupos culturais, as classes sociais afetam o processamento de informações de uma forma generalizada e espontânea."

Relevância motivacional

Estudos anteriores já demonstraram uma variedade de diferenças de comportamento entre as pessoas de diferentes classes sociais - incluindo níveis de compaixão, envolvimento interpessoal, caridade, ética e empatia para com os outros.

Dietze e seu colega Eric Knowles mostraram agora que estas discrepâncias podem se originar, pelo menos em parte, de diferenças profundas e culturalmente enraizadas na forma como as pessoas processam a informação.

De acordo com eles, nossa classe social afeta o quanto os outros são relevantes para nós em termos de nossos próprios objetivos e motivações. Em comparação com as pessoas que vêm de circunstâncias economicamente menos favorecidas, as pessoas de meios relativamente privilegiados mostram-se menos susceptíveis a serem socialmente dependentes dos outros; desta forma, elas são menos propensas a ver outras pessoas como potencialmente gratificantes, ameaçadoras ou de alguma outra forma que justifique prestar atenção nelas.

Os pesquisadores afirmam que essa diferença, chamada de "relevância motivacional", é tão fundamental que se manifesta em processos cognitivos básicos - como a atenção visual -, que operam de forma rápida e involuntariamente.

"Nosso trabalho contribui para uma base de conhecimento crescente sobre a influência da classe social no funcionamento psicológico," afirmou Dietze. "Quanto mais se sabe sobre o efeito das diferenças de classe social, melhor podemos tratar de questões sociais gerais - esta pesquisa é apenas uma peça do quebra-cabeças."

Os resultados foram publicados na revista Psychological Science.

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