23/11/2020

O futuro é incerto - mas a noradrenalina pode nos ajudar a nos adaptar

Redação do Diário da Saúde

O cérebro ante a incerteza

Uma substância química cerebral chamada noradrenalina pode ser a responsável por nossas respostas a situações incertas.

Por exemplo, a pandemia de covid-19 mergulhou todos nós em um estado de incerteza. Em uma situação que muda rapidamente, em que é difícil saber o que acontecerá a seguir, pode ser difícil tomar decisões.

Para tentar entender como nosso cérebro responde a essa incerteza, pesquisadores das universidades de Cambridge e College de Londres (Reino Unido) criaram um modelo simplificado dessa situação no laboratório.

Durante o experimento, eles testaram os efeitos do propranolol no modo como as pessoas respondem a situações estáveis e a situações mutáveis - o propranolol é um medicamento usado para reduzir a ansiedade e a pressão arterial, e ele faz isso bloqueando a ação da noradrenalina.

O experimento mostrou que, quando as situações parecem estáveis, tendemos a confiar em nossas experiências passadas para nos ajudar a antecipar o que acontecerá no futuro; mas quando a situação é volátil, nosso cérebro pode abrir mão dessas expectativas e permitir um aprendizado rápido.

E o equilíbrio entre as duas abordagens é moderado pela substância química cerebral noradrenalina.

Autismo e Ansiedade

"A adaptação a situações incertas nos ajuda a sobreviver. Quando algo inesperado acontece, temos que decidir se é um caso isolado e ignorá-lo, ou ele se vai continuar acontecendo - nesse caso, podemos nos beneficiar fazendo as coisas de forma diferente.

"Diante da incerteza, as pessoas que tomam o ansiolítico propranolol mostraram uma confiança maior na experiência anterior para fundamentar seu comportamento - elas foram menos influenciadas por mudanças em seu ambiente que contradiziam essa experiência," detalhou a Dra. Rebecca Lawson, coordenadora da pesquisa.

Os cientistas acreditam que a dificuldade em equilibrar as expectativas e as informações novas seja a base de muitas condições, incluindo autismo e ansiedade. A equipe planeja estender sua pesquisa para tentar compreender como as pessoas com essas condições aprendem sob ambientes de incerteza. A longo prazo, isso pode ajudar as pessoas com autismo e ansiedade a reconhecer a fonte de sua ansiedade e gerenciá-la melhor.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The Computational, Pharmacological, and Physiological Determinants of Sensory Learning under Uncertainty
Autores: Rebecca P. Lawson, James Bisby, Camilla L. Nord, Neil Burgess, Geraint Rees
Publicação: Current Biology
DOI: 10.1016/j.cub.2020.10.043
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