Medicina mente-corpo
Sem muita surpresa, a dor crônica é frequentemente acompanhada de depressão ou de ansiedade, ou de ambas em momentos diferentes.
"Uma das razões para a ligação bidirecional entre dor e depressão, bem como ansiedade, é a existência de um ciclo de retroalimentação. Indivíduos com dor não dormem bem e o cansaço resultante afeta seu humor, tornando-os vulneráveis à depressão e ansiedade. Ter problemas com depressão ou ansiedade pode aumentar a suscetibilidade à dor.
"Além disso, as áreas do cérebro que afetam a dor que as pessoas sentem estão conectadas com as áreas que regulam o humor, tornando os sintomas físicos e mentais intimamente associados," explicou o Dr. Kurt Kroenke, da Universidade de Indiana (EUA).
Contudo, os aspectos psicológicos dos pacientes que sofrem de dor crônica têm sido largamente negligenciados em seus tratamentos, ainda que sucessos nos tratamentos da depressão e da ansiedade estejam fortemente associados à melhora da dor.
O Dr. Kroenke observa que o tratamento da dor pode não melhorar a depressão e a ansiedade no mesmo grau, mas ainda assim há benefícios em identificar e tratar os sintomas físicos e psicológicos ao mesmo tempo.
"Sintomas do corpo e da mente são frequentemente companheiros de viagem. Mas os pacientes que procuram seu médico de cuidados primários por causa de dor de cabeça, dores nas costas, nos músculos ou nas pernas ou dor de estômago, muitas vezes esquecem de mencionar os sintomas comumente associados à depressão e ansiedade que também estão experimentando, como fadiga, falta de motivação, nervosismo e mau humor. E os médicos nem sempre perguntam sobre sintomas além daqueles que trouxeram o paciente ao consultório.
"Não tratar ou subtratar esses sintomas emocionais pode causar sofrimento a longo prazo e prejudicar a qualidade de vida. Se os médicos medirem e monitorarem os sintomas físicos e mentais, eles serão mais capazes e propensos a tratá-los. Mas não existe manguito de pressão arterial, teste de laboratório ou raio X para esses sintomas. Não temos uma maneira de medir os sintomas além do que o paciente nos diz, mas a triagem e o diagnóstico são cruciais para melhorar os resultados dos pacientes," disse o Dr. Kroenke.
Mas existem vários protocolos de avaliação mais objetiva desses sintomas. São escalas cada vez mais utilizadas, que permitem aos médicos usar o relato dos pacientes para medir o tipo e a gravidade da dor (PEG), depressão (PHQ-9), ansiedade (GAD-7) e outros sintomas, incluindo fadiga por câncer (FSI-3) e risco de suicídio (P-4). Essas ferramentas de medição já foram validadas e traduzidas para mais de 100 idiomas.
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