27/09/2010

Paradoxo Ambientalista: meio ambiente piora, bem-estar humano melhora

Redação do Diário da Saúde
Paradoxo Ambientalista: meio ambiente piora, bem-estar humano melhora
"Só a superfície foi explorada - pode haver ainda um miolo de queijo verde."
[Imagem: Raudsepp-Hearne et al./BioScience]

Paradoxo Ambientalista

É uma crença generalizada que a degradação global dos ecossistemas ameaça o bem-estar humano.

Contudo, qualquer que sejam as medidas de bem-estar que se tome, todas mostram que, em média, o bem-estar humano está melhorando globalmente, tanto nos países ricos quantos nos países pobres.

Isto é o que os pesquisadores chamam de "Paradoxo Ambientalista", que mostra que o bem-estar humano melhora apesar da piora nos serviços do ecossistema - os benefícios que o homem obtém dos ecossistemas.

Uma equipe de cientistas da Universidade McGill, no Canadá, acredita ter encontrado algumas explicações para isso.

Alimentos, tecnologia e tempo

Destacando que o entendimento do paradoxo ambientalista é "crítico para orientar a futura gestão dos serviços dos ecossistemas", Ciara Raudsepp-Hearne e seus colegas confirmam que as melhorias no bem-estar total são reais.

Eles não descobriram nenhuma falha no Índice de Desenvolvimento Humano, uma métrica amplamente utilizada que incorpora medidas de alfabetização, expectativa de vida e renda - e que tem apresentado melhorias consideráveis desde meados da década de 1970. Embora problemas de segurança pessoal estejam puxando para baixo a tendência de crescimento, a melhoria global do bem-estar parece robusta.

Sobre o alegado declínio no ecossistema, os autores aceitam os resultados da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, que concluiu que a capacidade dos ecossistemas para a produção de muitos serviços para o ser humano está mais baixa agora do que no passado.

Eles identificaram três razões prováveis para explicar o fenômeno:

  • Aumentos na produção de alimentos no passado recente;
  • inovações tecnológicas que dissociam as pessoas dos ecossistemas;
  • lapsos de tempo antes que o bem-estar humano seja afetado pela piora no ecossistema.

Produção de alimentos

Os pesquisadores acreditam resolver parte do paradoxo ambientalista apontando para indícios de que a produção de alimentos (que aumentou em nível mundial nas últimas décadas) é mais importante para o bem-estar humano do que outros serviços fornecidos pelo ecossistema.

Raudsepp-Hearne e seus colegas, contudo, não encontraram razões para tranquilidade com relação ao bem-estar humano nas próximas décadas.

Isto porque, se suas análises estiverem corretas, os efeitos observáveis no meio ambiente ameaçam ganhos futuros na produção de alimentos, e eventos tais como inundações e secas claramente prejudicam as pessoas dentro de áreas mais restritas.

Quanto à tecnologia, os pesquisadores acreditam que ela fornece uma dissociação apenas local e limitada dos serviços dos ecossistemas.

Mas aqui não é possível concluir nada, porque "há sinais discrepantes" sobre se os seres humanos serão capazes de se adaptar à crescente degradação do meio ambiente - alguns indicadores indicam que o bem-estar continuará subindo porque o ser humano já não é tão afetado pelo meio ambiente, enquanto outros dizem o contrário.

O paradoxo continua

Raudsepp-Hearne e seus colegas afirmam que os pesquisadores devem urgentemente estudar como os serviços dos ecossistemas afetam múltiplos aspectos do bem-estar humano, as sinergias e os trade-offs desses serviços, as tecnologias que melhorem esses serviços, além de buscar previsões melhores da oferta e da demanda de serviços dos ecossistemas.

Somente esses estudos adicionais, em maior escala, poderão finalmente dar uma explicação definitiva para o paradoxo ambientalista.

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