26/03/2008

Razão e emoção se misturam para determinar como brasileiro vota

Agência USP

Papel positivo das emoções

Ao escolher um candidato, a razão e a emoção do eleitor não podem ser vistas como elementos separados e excludentes. Uma pesquisa apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP identificou um papel positivo das emoções no processo decisório.

"Eleitores classificados como 'ansiosos' em relação ao candidato de sua preferência acabaram adiando sua decisão, ou seja, refletiram melhor sobre sua predisposição por votar nesse candidato. Isso é um ótimo exemplo de como as emoções influenciam o voto de maneira desejável para o funcionamento de qualquer democracia", diz o cientista político Jairo Tadeu Pimentel Júnior.

Mensuração das emoções

O pesquisador optou fazer um estudo de caso da eleição presidencial de 2006, protagonizada por Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). A metodologia consistiu na análise dos dados obtidos em cinco pesquisas encomendadas a uma empresa de consultoria.

Entre junho e outubro de 2006, foram elaborados e aplicados questionários que solicitavam aos eleitores/entrevistados que quantificassem quanto sentiam de cada emoção (numa escala de 0 a 1) em relação aos candidatos dentro de uma lista de emoções pré-selecionadas. Entre as emoções figuravam empolgação, felicidade, ansiedade, raiva, decepção, arrogância, simpatia e outras. O questionário identificou também em quem o entrevistado votou e em que ponto essa a decisão foi, de fato, tomada.

Nos cinco meses, foi realizado um total de 9732 entrevistas por todo o Brasil. As proporções relativas a sexo, escolaridade e condição de ocupação (empregado ou desempregado) foram ponderadas posteriormente com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Eleitores não são tão fáceis de se manipular

Segundo o pesquisador, o marketing político trabalha com a idéia errada de que os eleitores são basicamente movidos por suas emoções e, portanto, seriam mais suscetíveis à manipulação.

Os resultados da pesquisa apontam no sentido contrário, ou seja, de que essas predisposições emocionais diminuem a eficiência da propaganda política. De acordo com Pimentel Júnior, ao ver uma notícia ou propaganda que contraria uma predisposição sua, mesmo que exista uma argumentação lógica, o eleitor tende a filtrar essa noticia e buscar uma racionalização que reforce seus sentimentos prévios.

"Eleitores afetivamente predispostos a votar em Lula tendiam a negligenciar o fato dele estar envolvido com o escândalo do mensalão. Quando assumiam que ele estava envolvido, racionalizavam a questão declarando que Lula poderia roubar já que todo político rouba, mas ao menos ele fazia para os pobres", exemplifica.

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