Princípio econômico errado
Um princípio básico da sociedade capitalista é o de que todas as pessoas seriam motivadas por "desejos ilimitados", presas em uma esteira consumista e se esforçando para acumular o máximo de riqueza possível.
De fato, este é o princípio fundamental das teorias econômicas e das políticas governamentais, tendo moldado a sociedade moderna, incluindo a publicidade e o consumismo - por exemplo, os índices de bem-estar hoje são virtualmente todos de natureza econômica, como preços, crescimento da produção (PIB), valores das moedas etc.
Acontece que esse "princípio básico" da economia está errado, garantem Paul Bain (Universidade de Bath) e Renata Bongiorno (Universidade de Exeter).
Segundo os dois psicólogos, desejos ilimitados não são parte inerente da natureza humana.
Vida absolutamente ideal
Entrevistando quase 8.000 pessoas de 33 países em seis continentes, os dois pesquisadores perguntaram quanto dinheiro as pessoas queriam para alcançar sua "vida absolutamente ideal".
Em 86% dos países, a maioria das pessoas acredita que pode conseguir isso com US$ 10 milhões ou menos, e em alguns países com apenas US$ 1 milhão.
Embora esses números ainda possam soar muito, quando considerados que representam a riqueza ideal de uma pessoa ao longo de toda a vida, eles são relativamente moderados. Por exemplo, a riqueza da pessoa mais rica do mundo, de mais de US$ 200 bilhões, seria suficiente para que mais de duzentas mil pessoas alcancem suas vidas absolutamente ideais, a vida de seus sonhos - a riqueza das 26 pessoas mais ricas do mundo equivale ao da metade mais pobre.
Pessoas com desejos ilimitados foram identificadas em todos os países, mas sempre foram minoria. E aquelas com desejos ilimitados tendiam a ser mais jovens e moradores da cidade, que valorizam mais a opinião dos outros, o poder e a independência. Desejos ilimitados também foram mais comuns em países com maior aceitação da desigualdade.
Vida ideal para as pessoas e o planeta
A dupla acredita que seus resultados podem ajudar a lidar com a desigualdade e com as ameaças que o consumo desenfreado vem fazendo à própria existência da humanidade ao gerar destruição no planeta em larga escala.
"Descobrir que a vida ideal da maioria das pessoas é realmente bastante moderada pode tornar socialmente mais fácil para as pessoas se comportarem de maneira mais alinhada com o que as torna genuinamente felizes e apoiar políticas mais fortes para ajudar a proteger o planeta," disse o professor Bain.
"Estes resultados são um forte lembrete de que a visão da maioria não se reflete necessariamente em políticas que permitam a acumulação de quantidades excessivas de riqueza por um pequeno número de indivíduos," acrescentou Renata.
A crença no princípio de que alguns podem ficar ricos ao extremo também teve consequências terríveis para a saúde do planeta. Esforçar-se para aumentar continuamente a riqueza individual e buscar um crescimento econômico sem fim tem um custo alto - à medida que a riqueza aumentou e se concentrou, também aumentaram o uso dos recursos planetários e a poluição.
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