30/11/2022

Estamos exagerando nos diagnósticos do melanoma?

Redação do Diário da Saúde
Estamos superdiagnosticando o melanoma? Alguns pacientes têm baixísimo risco de morte

Sobrediagnóstico do câncer de pele

Embora o melanoma seja o tipo mais grave de câncer de pele, a maioria dos pacientes tem grandes chances de sobreviver à doença.

Mais do que isso, agora se descobriu uma parte significativa dos pacientes com melanoma precoce na verdade apresentam um risco muito baixo de morrer da doença.

De fato, há evidências do chamado "sobrediagnóstico", quando pacientes recebem o diagnóstico médico de que estariam com a doença, mas que nunca apresentariam sintomas.

Usando dados de registros de câncer, pesquisadores identificaram agora um subconjunto desses pacientes que, mesmo estando realmente com melanoma, ainda em estágio inicial, não apresentam virtualmente nenhuma morte relacionada à doença.

A pesquisa pode ajudar os médicos a determinar quais pacientes têm um risco muito baixo de morte por melanoma, evitando tratamentos desnecessários.

Segundo os pesquisadores, esses pacientes nunca deveriam receber um diagnóstico de "câncer", com a comunidade médica devendo criar um novo nome para essa situação de baixo risco, de modo a não gerar uma sobrecarga emocional ao paciente.

Neoplasia de baixo potencial maligno

A Dra Megan Eguchi e colegas da Universidade da Califórnia de Los Angeles (EUA) analisaram dados de pacientes que foram diagnosticados com melanoma em estágio 1, com lesões com 1,0 mm ou menos de espessura e que não se espalhou para os linfonodos. A equipe se concentrou em identificar pacientes com risco muito baixo de morrer de melanoma nos 7 anos seguintes, bem como aqueles com maior risco de morte.

Entre os 11.594 pacientes na análise com dados de acompanhamento, a taxa geral de mortalidade por melanoma em 7 anos foi de 2,5%. No entanto, a equipe identificou um subconjunto, que abrange 25% dos pacientes, que têm um risco abaixo de 1%.

Esse subconjunto de baixo risco inclui pacientes que tendiam a ser mais jovens e apresentar lesões com uma invasão mínima na pele.

No outro extremo, um subconjunto muito pequeno de pacientes (menos de 1%) tendia a ser mais velho e ter tumores ligeiramente mais avançados. Embora esses tumores tivessem sido considerados de baixo risco pelos critérios atuais, esses pacientes de fato apresentaram um risco de morte superior a 20%.

Se, no primeiro caso, está havendo um sobrediagnóstico, com forte impacto emocional nos pacientes, no outro extremo os pacientes mais velhos poderiam ter recebido terapias mais "fortes e complexas", com potencial para salvar suas vidas.

"Dado o baixíssimo risco de morte por melanoma associado a alguns dos casos identificados neste estudo, e se esses resultados puderem ser verificados e talvez estendidos em outros estudos, o uso de um termo diferente como 'neoplasia melanocítica de baixo potencial maligno' pode ser mais apropriado do que o de melanoma, como foi feito com algumas outras neoplasias ou tumores anteriormente rotulados como câncer. Tal termo pode aliviar as preocupações das pessoas envolvidas com o prognóstico e desfechos e começar a resolver o problema do sobrediagnóstico," disse o Dr.David Elder, coordenador do estudo.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Prognostic modeling of cutaneous melanoma stage I patients using cancer registry data identifies subsets with very-low melanoma mortality
Autores: Megan M. Eguchi, David E. Elder, Raymond L. Barnhill, Michael W. Piepkorn, Stevan R. Knezevich, Joann G. Elmore, Kathleen F. Kerr
Publicação: Cancer
DOI: 10.1002/cncr.34490
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