19/10/2022

Nova técnica reprograma célula de doador para combater câncer

Com informações da Agência Fapesp
Técnica reprograma célula de doador para combater câncer
Contando com células de doadores saudáveis, a técnica permite fabricar múltiplas doses de cada vez.
[Imagem: Rita Elena Serda/NCI-NIH]

Células T-CAR

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveram um método que reduz o tempo e o custo de produção das células T-CAR, uma das apostas mais promissoras para novos tratamentos do câncer.

A técnica consiste em retirar células de defesa, chamadas linfócitos T, do paciente a ser tratado, reprogramá-las em laboratório para que reconheçam uma proteína chamada CAR (acrônimo em inglês para receptor de antígeno quimérico) e, assim, se tornem capazes de atacar o tumor.

O resultado são essas proteínas químéricas, chamadas T-CAR, que são receptoras projetadas para dar às células T a capacidade de direcionar um antígeno específico. Essas células são então multiplicadas no laboratório e reaplicadas no paciente.

Todo esse processo personalizado costuma demorar de duas a três semanas, o que pode ser um tempo longo para quem é portador de doença em estágio avançado. Além disso, nem sempre se consegue obter células em quantidade e qualidade necessárias para o tratamento.

Para contornar esses obstáculos, a equipe brasileira desenvolveu uma técnica que permite usar linfócitos T de doadores saudáveis que não sejam da família do paciente. Essas células são então modificadas e multiplicadas em laboratório de modo a produzir múltiplas doses para tratar mais de um doente.

"Para usar essas células no tratamento de indivíduos não aparentados, algumas moléculas precisam ser removidas para evitar a rejeição. Nós usamos uma técnica inovadora de edição gênica, chamada CRISPR/Cas9. Com ela, as proteínas Cas9 cortam o DNA em regiões que nós especificamos e, assim, as moléculas responsáveis pela rejeição não são mais produzidas.

"Além disso, nós aproveitamos os cortes feitos no DNA pela Cas9 para fazer uma segunda modificação, que consiste na inserção do gene codificador da proteína CAR," contou a pesquisadora Sarah de Lima, que desenvolveu o método.

A técnica agora está sendo aprimorada no Hemocentro de Ribeirão Preto, onde Sarah está trabalhando juntamente com a equipe do professor Lucas de Souza para tentar preparar o tratamento para aplicações clínicas - os testes com células T-CAR em geral têm apresentado efeitos colaterais neurológicos em cerca de metade dos pacientes.

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