02/12/2022

Alteração no tratamento inicial da fibrilação atrial pode salvar vidas

Redação do Diário da Saúde
Médicos recomendam alteração no tratamento inicial da fibrilação atrial
A crioablação envolve guiar um pequeno tubo no coração e inflar um balão para matar o tecido problemático com temperaturas frias.
[Imagem: Medtronic]

Melhor protocolo de tratamento

Há formas mais eficazes de tratar a fibrilação atrial do que os protocolos mais usados hoje, afirmam especialistas.

A fibrilação atrial é um problema comum do ritmo cardíaco associado ao aumento do risco de acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.

Médicos demonstraram agora que a intervenção precoce com ablação por cateter com balão superfrio (crioablação) é mais eficaz na redução do risco de impactos sérios à saúde a longo prazo, em comparação com a primeira medida atualmente recomendada para o tratamento, que consiste na administração de medicamentos contra arritmia.

"Ao tratar pacientes com crioablação desde o início, vimos menos pessoas avançando para formas de fibrilação atrial persistentes e com maior risco de vida," disse o Dr. Jason Andrade, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá). "No curto prazo, isso pode significar menos recorrências de arritmia, melhor qualidade de vida e menos visitas ao hospital. A longo prazo, isso pode se traduzir em um risco reduzido de derrame e outros problemas cardíacos graves."

Crioablação

A crioablação é um procedimento que envolve guiar um pequeno tubo até o coração para matar o tecido problemático sujeitando-o a temperaturas muito frias, essencialmente congelando as células com problemas.

Historicamente, o procedimento tem sido reservado como tratamento secundário quando os pacientes não respondem aos antiarrítmicos.

Médicos recomendam alteração no tratamento inicial da fibrilação atrial
A arritmia cardíaca também pode ser tratada com o princípio oposto, com aquecimento a laser, em lugar do congelamento.
[Imagem: AHA]

"Este estudo contribui para o crescente corpo de evidências de que a intervenção precoce com crioablação pode ser uma terapia inicial mais eficaz nos pacientes apropriados," disse o Dr. Andrade. "Com a crioablação, estamos tratando a causa da doença, em vez de usar medicamentos para encobrir os sintomas. Se começarmos com a crioablação, poderemos corrigir a fibrilação atrial no início do seu curso".

Fibrilação atrial

A fibrilação atrial afeta aproximadamente três por cento da população.

Embora a condição comece como um distúrbio elétrico isolado, cada incidente recorrente pode causar alterações elétricas e estruturais no coração que podem levar a eventos mais duradouros, conhecidos como fibrilação atrial persistente (episódios com duração superior a sete dias contínuos).

"A fibrilação atrial é como uma bola de neve rolando morro abaixo. A cada episódio de fibrilação atrial há mudanças progressivas no coração, e o problema do ritmo cardíaco piora," explicou o Dr. Andrade.

As novas descobertas, decorrentes de um ensaio clínico em vários hospitais, para envolver uma amostra mais representativa de pacientes, mostram que a crioablação pode interromper esse efeito de bola de neve.

Após três anos de estudos, os pesquisadores constataram que os pacientes do grupo de crioablação eram menos propensos a progredir para a fibrilação atrial persistente, em comparação com os pacientes tratados com drogas antiarrítmicas. Durante o período de acompanhamento, os pacientes da crioablação também tiveram menores taxas de hospitalização e sofreram menos eventos adversos graves à saúde que resultaram em morte, incapacidade funcional ou hospitalização prolongada.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Progression of Atrial Fibrillation after Cryoablation or Drug Therapy
Autores: Jason G. Andrade, Marc W. Deyell, Laurent Macle, George A. Wells, Matthew Bennett, Vidal Essebag, Jean Champagne, Jean-Francois Roux, Derek Yung, Allan Skanes, Yaariv Khaykin, Carlos Morillo, Umjeet Jolly, Paul Novak, Evan Lockwood, Guy Amit, Paul Angaran, John Sapp, Stephan Wardell, Sandra Lauck, Julia Cadrin-Tourigny, Simon Kochhauser, Atul Verma
Publicação: New England Journal of Medicine
DOI: 10.1056/NEJMoa2212540
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