31/03/2022

Vesículas extracelulares são usadas na comunicação entre células

Redação do Diário da Saúde
Antes consideradas detritos celulares, pequenas bolsas são usadas na comunicação entre células
Vesículas extracelulares podem ser utilizadas para carrear fármacos entre as células.
[Imagem: Inna A. Nikonorova et al. - 10.1016/j.cub.2022.03.005]

Vesículas extracelulares

Os cientistas há muito tentam desvendar como as células se comunicam umas com as outras.

Uma simples lombriga pode ter ajudado a resolver ao menos parte desse mistério, o que poderá ajudar a desenvolver tratamentos para Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.

As células compartilham boas e más notícias entre si, e uma maneira de fazer isso é através de pequenas bolhas chamadas vesículas extracelulares (VEs).

Por muito tempo consideradas pelos cientistas apenas como carregadores de detritos celulares, as VEs (vesículas extracelulares) na verdade carregam cargas benéficas ou tóxicas.

Estas novas descobertas explicam como essas pequenas sacolas celulares podem promover a boa saúde ou a doença. No cérebro humano, por exemplo, as VEs carregam proteínas que podem influenciar a progressão da doença de Alzheimer.

"Embora as VEs sejam de profunda importância médica, o campo carece de uma compreensão básica de como as VEs se formam, qual carga é embalada em diferentes tipos de VEs originárias do mesmo ou de diferentes tipos de células e como diferentes cargas influenciam o alcance do direcionamento e bioatividades das VEs," detalhou a pesquisadora Inna Nikonorova, da Universidade Rutgers (EUA).

Comunicação intercelular

Encontradas nos fluidos humanos, incluindo a urina e o sangue, as VEs podem ser usadas em biópsias líquidas como biomarcadores para doenças, porque células saudáveis e doentes empacotam diferentes cargas.

A equipe decidiu então usar um animal experimental simples - a lombriga C. elegans - e ferramentas genéticas, moleculares, bioquímicas e computacionais de ponta para estudar a até agora desconhecida função que as VEs têm dentro de nossos corpos.

Dada sua importância no sistema nervoso humano, Nikonorova concentrou-se nas VEs produzidas pelos cílios, as antenas celulares que transmitem e recebem sinais para comunicação intercelular, mais especificamente, na carga de VEs produzida por células nervosas.

A pesquisadora descobriu que as VEs carregam proteínas de ligação ao RNA, bem como as próprias moléculas de RNA, cujo papel em terapias está bem documentado na vacina de mRNA contra a covid-19.

"Usando essa estratégia, descobrimos quatro novas cargas de cílios em VEs. Combinados, esses dados indicam que o C. elegans produz uma mistura complexa e heterogênea de VEs de vários tecidos e sugere que essas VEs ambientais desempenham diversos papéis na fisiologia animal," disse Nikonorova.

A equipe vai se dedicar agora a tentar compreender como se dá a comunicação de RNA por meios das VEs, o que pode ter inúmeras aplicações terapêuticas.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Isolation, profiling, and tracking of extracellular vesicle cargo in Caenorhabditis elegans
Autores: Inna A. Nikonorova, Juan Wang, Alexander L. Cope, Peter E. Tilton, Kaiden M. Power, Jonathon D. Walsh, Jyothi S. Akella, Amber R. Krauchunas, Premal Shah, Maureen M. Barr
Publicação: Current Biology
DOI: 10.1016/j.cub.2022.03.005
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