01/06/2020

Cientistas brasileiros desenvolvem acelerômetro da covid-19

Com informações da Agência Fapesp
Cientistas brasileiros desenvolvem acelerômetro da covid-19
Aplicativo on-line monitora em tempo real a tendência de aceleração ou desaceleração do crescimento da doença em mais de 200 países e territórios e ajuda a avaliar eficácia de políticas públicas que visam conter a disseminação.
[Imagem: Divulgação]

Acelerômetro

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um aplicativo que funciona como um "acelerômetro da covid-19", ou seja, monitora em tempo real a tendência de aceleração ou desaceleração do crescimento da doença em mais de 200 países e territórios.

A ferramenta carrega os dados de casos notificados disponíveis na base do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), com atualizações diárias, e aplica técnicas de modelagem matemática para diagnosticar o estágio atual da epidemia em um determinado local.

"Além de democratizar o acesso à informação, para que todos possam entender o que exatamente está acontecendo em sua cidade, estado ou país, o aplicativo possibilita aos gestores públicos avaliar se uma determinada medida adotada para conter o contágio do novo coronavírus está ou não surtindo efeito," afirmou o professor Yuri Tani Utsunomiya.

Aceleração da epidemia

Para explicar como evolui uma epidemia, Utsunomiya faz uma analogia com um automóvel. Na fase inicial, a doença avança de forma lenta e o número de casos diários aumenta pouco, assim como um carro andando sob o efeito da embreagem. A velocidade de crescimento é chamada de incidência e é medida de acordo com o número de novos casos por dia. Já a prevalência corresponde ao número de casos acumulados ao longo do tempo, que seria o equivalente à distância percorrida pelo automóvel imaginário.

"Quando o pedal de aceleração é pressionado, o número de casos começa a crescer rapidamente, assim como um carro acelerado adquirindo velocidade. Nesta segunda fase da epidemia ocorre o crescimento exponencial do número de casos. O que todos os países buscam é cessar essa aceleração e iniciar a frenagem da doença e, vale dizer, são duas operações distintas. A primeira consiste em tirar o pé do pedal de aceleração, para que esta caia a zero. Quando isso ocorre, o pico de incidência é atingido. A segunda operação envolve exercer uma aceleração negativa sobre a doença [pisar no freio] para que sua velocidade de crescimento diminua até zero. Sem velocidade, o automóvel para. E é isso que queremos, que a covid-19 pare de ser disseminada," explica.

De forma análoga, o acelerômetro da covid-19 permite ver em tempo real se um determinado país está com o pé no acelerador ou no freio - com algum grau de imprecisão nos locais em que há muita subnotificação de casos. Porém, a transição entre os quatro estágios de crescimento da epidemia - lento (verde), exponencial (rosa), desaceleração (amarelo) e estacionário (azul) - pode ocorrer de forma alternada. Ou seja, mesmo após entrar em desaceleração ou até em crescimento estacionário, a doença pode voltar para a fase exponencial caso medidas de controle sejam abandonadas. Daí a importância de ferramentas que ajudam no monitoramento constante.

"O que notamos com a análise de mais de 200 países e territórios é que medidas de controle eficazes produzem um efeito rápido na curva de aceleração, muito antes da queda efetiva no número de casos diários. Esse comportamento da curva possui alta relevância para a avaliação das políticas públicas de controle," finalizou.

O acelerômetro da covid-19 pode ser acessado no endereço https://theguarani.com.br.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Growth Rate and Acceleration Analysis of the COVID-19 Pandemic Reveals the Effect of Public Health Measures in Real Time
Autores: Yuri Tani Utsunomiya, Adam Taiti Harth Utsunomiya, Rafaela Beatriz Pintor Torrecilha, Silvana de Cássia Paulan, Marco Milanesi, José Fernando Garcia
Publicação: Frontiers in Medicine
DOI: 10.3389/fmed.2020.00247
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