É comum ouvir dizer que a religiosidade das pessoas - ou, pelo menos, seu afluxo aos templos - aumenta em momentos de grandes dificuldades.
No dia-a-dia, não apenas já se demonstrou que a religiosidade fortalece os pacientes na luta contra o câncer e que religião e felicidade estão interligadas, como também parece que as religiões têm um "ingrediente secreto" que faz as pessoas felizes.
Mas como os ateus reagem nas condições de dificuldades, de eventos geradores de estresse e ansiedade, e em sua busca íntima de felicidade?
Eles aumentam a sua fé no poder explicativa e revelador da ciência.
Foi o que demonstraram o Dr. Miguel Farias e sua equipe da Universidade de Oxford.
Fé na ciência
Os pesquisadores argumentam que a "crença na ciência" ajuda as pessoas não-religiosas a lidar com a adversidade, oferecendo conforto e confiança, de maneira praticamente idêntica ao que se verifica em relação à crença religiosa.
"Nós descobrimos que passar por uma situação estressante ou geradora de ansiedade aumenta a crença que os participantes têm na ciência," diz o Dr. Farias. "Esta crença na ciência que estudamos não diz nada sobre a legitimidade da própria ciência. Ao contrário, nós estávamos interessados nos valores que os indivíduos possuem em relação à ciência."
Ele explica: "Enquanto a maioria das pessoas aceita a ciência como uma fonte confiável de conhecimento sobre o mundo, alguns podem acreditar que a ciência seja um método superior de obtenção do conhecimento, a única maneira de explicar o mundo, ou como tendo algum valor único e fundamental em si mesma. Esta é uma visão de ciência que alguns ateus endossam."
Salientando que estudar a crença na ciência não levanta nenhum juízo sobre o valor da ciência como método de obtenção do conhecimento, os pesquisadores apontam que traçar um paralelo entre os benefícios psicológicos da fé religiosa e da fé na ciência não necessariamente significa que a prática científica e a prática religiosa sejam semelhantes em sua base.
Contudo, sugerem eles, os resultados destacam uma motivação humana básica de acreditar.
"Não é só acreditar em Deus que é importante para a obtenção desses benefícios psicológicos, é a crença em geral," diz o Dr. Farias. "Pode ser que nós, como seres humanos, sejamos apenas propensos a ter crenças, e até mesmo os ateus têm crenças não-sobrenaturais que lhes dão segurança e conforto."
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