04/11/2019

Novos retardantes de chamas podem aumentar problema que deviam solucionar

Redação do Diário da Saúde
Novos retardantes de chamas podem aumentar problema que deviam solucionar
Pesquisas mostram a ineficiência dos retardantes de chama e afirmam que eles tornam os incêndios mais perigosos.
[Imagem: Green Science Policy Institute]

Retardantes de chama

Produtos químicos conhecidos como retardantes de chama estão presentes em virtualmente todos os produtos eletroeletrônicos, espumas, móveis, assentos de carros e uma infinidade de outros.

Devido a problemas de saúde causados pelos químicos originalmente usados para essa finalidade, eles começaram a ser substituídos por versões pretensamente menos danosas.

Ocorre que essa nova geração de retardantes de chama parece ser tão tóxica quanto as versões anteriores que devem substituir, de acordo com um estudo revisado por pares.

Arlene Blum e seus colegas descobriram que os produtos químicos usados nos substitutos, chamados retardadores de chama organofosforados, foram associados a um QI mais baixo em crianças, problemas reprodutivos e outros danos graves à saúde.

Os retardadores de chama representam uma ameaça particularmente grave para as crianças. Os bebês nascem com o mesmo nível desses químicos que o presente no corpo de suas mães e ainda são expostos ainda mais através do comportamento "mão na boca". As crianças pequenas podem ter de 3 a 10 vezes os níveis de retardantes de chama presentes nos adultos. Isso pode prejudicar seus cérebros e órgãos reprodutivos em desenvolvimento no momento mais vulnerável, relata a equipe.

Outra conclusão impressionante dos pesquisadores das universidades de Indiana (EUA) e Toronto (Canadá) é que os "produtos químicos retardantes de chama não são necessários nem eficazes para reduzir o risco de incêndio em muitos produtos". Esses produtos químicos são adicionados para atender aos regulamentos de inflamabilidade. Porém, pesquisas mostram que eles geralmente atrasam a ignição em apenas alguns segundos e tornam os incêndios mais perigosos.

Retardantes de chama organofosforados

Após anos de pesquisa e disputas legais, os retardantes de chama perigosos, chamados éteres difenílicos polibromados (PBDEs), foram eliminados do uso em espuma de móveis, eletrônicos e produtos infantis. Embora sua eliminação tenha sido comemorada inicialmente como uma vitória para a saúde humana, os PBDEs foram trocados por retardantes de chama organofosforados em muitos produtos.

E, afirma a equipe, assim como os antigos retardantes de chama PBDEs, os retardantes de chama organofosforados estão "migrando" continuamente dos produtos e virando poeira. Quando o pó contaminado com retardantes de chama entra em suas mãos, você pode acabar ingerindo o material junto com o sanduíche. Os cientistas também descobriram que os níveis de retardantes de chama organofosforados costumam ser de 10 a 100 vezes mais altos no ar, na poeira e na água do que os retardantes de chama anteriores.

Mais preocupante de tudo, os retardantes de chama organofosforados foram encontrados em quase todas as pessoas analisadas pela equipe. Vários voluntários apresentavam níveis altos o suficiente para ameaçar a fertilidade em adultos e o desenvolvimento saudável do cérebro em crianças.

"Esses resultados mostram o perigo da abordagem 'acerte a toupeira' [jogo infantil no qual deve-se acertar a cabeça dos bichinhos que vão aparecendo] da política química," disse a Dra Marta Venier, da Universidade de Indiana. "Quando os fabricantes precisam parar de usar um produto químico tóxico, geralmente o substituem por um produto químico similar com riscos semelhantes. No caso dos retardantes de chama, estamos pulando da frigideira para o fogo".

Checagem com artigo científico:

Artigo: Organophosphate Ester Flame Retardants: Are They a Regrettable Substitute for Polybrominated Diphenyl Ethers?
Autores: Arlene Blum, Mamta Behl, Linda S. Birnbaum, Miriam L. Diamond, Allison Phillips, Veena Singla, Nisha S. Sipes, Heather M. Stapleton, Marta Venier
Publicação: Environmental Science and Technology Letters
DOI: 10.1021/acs.estlett.9b00582
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