20/07/2015

Benefícios da mamografia foram superestimados

Redação do Diário da Saúde
Benefícios da mamografia foram superestimados
"Contrariamente às expectativas, numerosos estudos na América do Norte, Europa e Austrália têm demonstrado que as taxas de câncer de mama avançado não têm diminuído em países onde a maioria das mulheres comparece regularmente à mamografia de rastreamento."
[Imagem: KCL]

Estatística "não convencional"

Uma revisão em profundidade de ensaios randomizados sobre o rastreio dos cânceres de mama, colorretal, do colo do útero, próstata e pulmão mostra que os benefícios do rastreamento mamográfico têm sido superestimados.

Esta superestimativa resulta da utilização de um "método estatístico não convencional", que é diferente do utilizado para outros ensaios de rastreio do câncer, que apresentaram resultados positivos para as campanhas de triagem.

Estas são as conclusões de um artigo escrito por pesquisadores do Kings College de Londres e da Universidade de Strathclyde, e publicado no Journal of the Royal Society of Medicine.

A teoria da triagem mamográfica

O objetivo do rastreio, ou triagem, do câncer é, principalmente, reduzir a mortalidade pela doença em questão, permitindo que os cânceres sejam identificados em um estágio inicial. A detecção precoce reduz o risco de ser diagnosticado com um câncer avançado, que é mais difícil e tratar e, muitas vezes, é mortal.

Em 2002, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendou que, quando o rastreamento populacional para o câncer de mama fosse adotado em qualquer região, a taxa de cânceres de mama avançados devia ser monitorada: se o programa fosse bem-sucedido, essas taxas deveriam mostrar uma queda ao longo do tempo, indicando que a triagem de mamografia estaria contribuindo de forma eficaz para reduzir a mortalidade pelo câncer de mama.

Além disso, com o aumento da triagem, era de se esperar quedas mais rápidas e mais pronunciadas na mortalidade por câncer de mama nos países que implementaram programas de rastreio de mamografia no final da década de 1980, em relação aos países que implementaram programas 10 a 15 anos mais tarde.

A prática da triagem mamográfica

"Contrariamente às expectativas, numerosos estudos na América do Norte, Europa e Austrália têm demonstrado que as taxas de câncer de mama avançado não têm diminuído em países onde a maioria das mulheres comparece regularmente à mamografia de rastreamento," observou o professor Philippe Autier, principal autor do estudo.

Ele destaca que "outros estudos têm mostrado que o declínio na mortalidade por câncer de mama é o mesmo nos países que implementaram o rastreio mamográfico no final da década de 1980 em relação aos que o fizeram dez a vinte anos mais tarde. A ausência de diferenças na redução da mortalidade não pode ser explicada por diferenças no acesso a terapias modernas."

O professor Richard Sullivan, do Instituto de Política de Câncer, do Kings College, acrescenta que "estes resultados estão em nítido contraste com a triagem para os cânceres cervical e colorretal, dois cânceres para os quais estudos demonstraram claramente a capacidade da triagem para reduzir o número de cânceres avançados nas populações. Isto tem importantes implicações para os formuladores de políticas em países de renda média, que agora estão tomando decisões sobre onde priorizar os esforços de rastreio do câncer."

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