21/10/2009

Concentração de dentistas prejudica atendimento a população

Júlio Bernardes - Agência USP
Concentração de dentistas prejudica atendimento a população
Os resultados preliminares mostraram que 56% dos dentistas no Brasil são mulheres, e um quarto tem menos de 30 anos de idade.
[Imagem: USP]

Dentistas para poucos

Uma pesquisa feita pela Faculdade de Odontologia da USP aponta que o Brasil possui 219.575 cirurgiões-dentistas.

Além de ser apenas um para cada 838 habitantes, uma das menores proporções em todo o mundo, cerca de três quartos dos profissionais concentram-se nas regiões Sul e Sudeste do País, o que leva a grandes distorções no atendimento à população.

As conclusões fazem parte do estudo Perfil Atual e Tendências do Cirurgião-Dentista Brasileiro, que será publicado em livro no próximo mês de janeiro.

Dentistas mulheres e jovens

Iniciado em agosto de 2008, o projeto levantou informações existentes em diversas fontes isoladas, como o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Odontologia (CFO), para formar um banco de dados sobre a profissão no Brasil.

Os resultados preliminares mostraram que 56% dos dentistas no Brasil são mulheres, e um quarto tem menos de 30 anos de idade. Apesar de os cirurgiões dentistas brasileiros representarem cerca de 20% dos profissionais em atividade no mundo, o estudo apontou que sua distribuição no território nacional é extremamente desigual.

"Mesmo com o grande contingente de profissionais, a grande maioria se concentra nas regiões de maior renda", alertou Maria Ercília de Araújo, professora da FO e coordenadora do Observatório de Recursos Humanos Odontológicos (OBSERVARHODONTO), uma das entidades promotoras da pesquisa. "Somente o estado de São Paulo abriga um terço do total de cirurgiões-dentistas".

Má distribuição regional

Entre os municípios, há cidades com um dentista para cada 171 habitantes, enquanto outras possuem apenas um profissional para atender 65 mil habitantes. Cerca de 86% dos dentistas se registram no próprio Estado em que se formaram, enquanto a migração entre Estados é de 12%.

"Acre, Amapá e Rondônia são considerados receptores de profissionais", explicou a pesquisadora Maria Celeste Morita, responsável pelo trabalho. "Os resultados reforçam a necessidade de melhorar a distribuição de profissionais no interior do País".

Aperfeiçoamento profissional

Apesar de 140.000 dentistas se declararem autônomos, cerca de 70.000 estão no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (DATASUS). O estudo indicou que o emprego no serviço público está em expansão, com o número de equipes de saúde bucal do Programa de Saúde da Família passando de 6.170, em 2003, para 18.842, em 2008.

"As informações são importantes para avaliar e ajustar as políticas públicas do setor e a formação dos profissionais", destacou Ana Estela Haddad, diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, que participou do trabalho.

"Cerca de 55% dos dentistas possuem menos de 40 anos de idade, o que abre oportunidades para ampliar sua especialização". Existem 197 cursos de Graduação em Odontologia, 52% na região Sudeste. Os dentistas que possuem especialização somam 53.679.

Os dados da pesquisa serão reunidos em um livro, que deverá ser publicado em janeiro de 2010. "A ideia é que esses dados sirvam como base para outras linhas de pesquisa", salientou Maria Ercília, "para entender a força de trabalho em Odontologia e questões relativas à sua formação, migração e fixação, de modo a que possam ser atendidas as necessidades da população".

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