Sem explicações
Uma nova teoria está propondo que as causas das demências, como Alzheimer e Parkinson, além de outras doenças neurodegenerativas, estão em um sistema imunológico fora de controle.
Com a ineficácia das terapias desenvolvidas até agora, há algum tempo os cientistas veem procurando uma nova teoria que explique o surgimento das demências.
Pesquisadores australianos acreditam agora já dispor de fortes evidências de que o declínio neurológico comum a estas doenças é causado por uma "autoinflamação", na qual o próprio sistema imunológico do corpo desenvolve uma resposta inflamatória persistente e faz com que as células do cérebro morram.
Até agora, os cientistas têm-se concentrado no papel dos depósitos de proteínas, chamadas placas amiloides, que se formam no cérebro das pessoas afetadas com Alzheimer. Mas agora já está claro que esta é uma explicação inadequada - ou, no mínimo, insuficiente - para a doença de Alzheimer.
Demência como doença autoimune
Há muitas formas de neurodegeneração, incluindo Alzheimer, Parkinson e doença de Huntington. Estas condições são diferenciadas pelos diferentes tipos de células nervosas do cérebro que são afetadas primeiro e pelos sintomas que aparecem primeiro. No entanto, conforme todas essas doenças progridem, elas tornam-se mais semelhantes.
Robert Richards e seus colegas da Universidade de Adelaide acreditam que, em vez de vários mecanismos, cada doença tem o mesmo mecanismo subjacente, além de uma via comum de perda de células nervosas.
"O nosso interesse no próprio sistema imunológico inato como o culpado começou quando descobrimos que os agentes do sistema imunológico são ativados em um modelo de laboratório da doença de Huntington," explica ele. "Pesquisadores de outros laboratórios ao mesmo tempo relataram características semelhantes em outras doenças neurodegenerativas. Quando nós colocamos juntas as evidências, a ideia de que a imunidade inata descontrolada é realmente a causa comum surge de forma muito forte."
Autoimunidade
O sistema imunológico é a primeira linha de defesa nas células, e normalmente distingue entre as moléculas que pertencem ao corpo e as moléculas invasoras, causadoras de doenças. É um alarme e um sistema de resposta com um mecanismo de autodestruição para conter e eliminar os invasores ou células anormais, como o câncer.
Vários problemas podem levar ao mau funcionamento desse sistema, incluindo mutações genéticas, infecções, toxinas ou lesão física, que têm sido associadas com diferentes formas de neurodegeneração.
Inicialmente o sistema imune protege o tecido contra esses gatilhos, mas uma ativação prolongada em algum momento começa a se autoperpetuar, causando a morte das células do cérebro, propõem os pesquisadores.
"Esperamos que esta nova forma de entender a neurodegeneração leve a novos tratamentos," diz o professor Richards. "Agora precisamos investigar mais as moléculas sinalizadoras do sistema imunológico para identificar novos alvos de drogas que irão retardar o aparecimento e/ou parar a progressão dessas doenças devastadoras."
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