23/05/2023

Demências podem envolver os astrócitos, e não apenas os neurônios

Redação do Diário da Saúde
Disfunção dos astrócitos causa declínio cognitivo
As sinapses são compostas de terminais pré-sinápticos e pós-sinápticos (azul) e são contatadas por astrócitos (roxo), um tipo de célula não neuronal que agora se descobriu estar envolvida no declínio cognitivo.
[Imagem: Brokengrid]

Astrócitos e demências

Por muito tempo consideradas simples células de suporte para os neurônios, os astrócitos estão se tornando as verdadeiras estrelas do cérebro.

Além de funcionarem como uma espécie de maestros da atividade cerebral, hoje se sabe que os astrócitos limpam as sinapses, para manter a plasticidade cerebral, participam do processamento de informações e até ajudam a nos acalmar quando estamos sobrecarregados.

Agora se descobriu que pessoas com demência apresentam um acúmulo de proteína nos astrócitos que pode desencadear uma atividade antiviral anormal e levar à perda de memória.

Quando se trata de deficiências cognitivas relacionadas aos diversos tipos de demência, os dedos de acusação sempre apontaram para os neurônios.

Mas o que se descobriu agora é que a atividade imune anormal dos astrócitos, que são células cerebrais não neuronais, é suficiente para causar déficits cognitivos.

"A disfunção dos astrócitos por si só pode levar à perda de memória, mesmo quando os neurônios e outras células estão totalmente saudáveis," disse a Dra. Anna Orr, da Universidade de Cornell (EUA). "Descobrimos, em camundongos, que os astrócitos podem causar declínio cognitivo por meio de suas atividades antivirais, que podem tornar os neurônios hiperativos."

Medicamentos em teste

A descoberta pode levar a novos tratamentos que reduzam o excesso de atividade imunológica nos astrócitos, inibindo seus efeitos prejudiciais em outras células cerebrais e na cognição.

"Para uma terapêutica eficaz, precisamos considerar os astrócitos junto com os neurônios," disse a Dra. Orr, destacando que já existem fármacos experimentais que estão sendo testados para tratar artrite e outras condições inflamatórias, chamados bloqueadores de CXCR3, que atuam na mesma via descoberta agora pela equipe.

Dependendo dos resultados desses ensaios clínicos, esses medicamentos poderão ser testados e potencialmente reaproveitados para a demência.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Astrocytic TDP-43 dysregulation impairs memory by modulating antiviral pathways and interferon-inducible chemokines
Autores: Avital Licht-Murava, Samantha M. Meadows, Fernando Palaguachi, Soomin C. Song, Stephanie Jackvony, Yaron Bram, Constance Zhou, Robert E. Schwartz, Robert C. Froemke, Adam L. Orr, Anna G. Orr
Publicação: Science Advances
Vol.: 9, Issue 16
DOI: 10.1126/sciadv.ade1282
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