18/09/2023

Dopamina controlando o movimento lança novas luzes sobre doença de Parkinson

Redação do Diário da Saúde
Dopamina controlando o movimento lança novas luzes sobre doença de Parkinson
Este é o subtipo genético de neurônio dopaminérgico que apresenta atividade correlacionada à locomoção, mas nenhuma resposta a recompensas.
[Imagem: Maite Azcorra/Zachary Gaertner/Northwestern University]

Dopamina controla o movimento

Outrora conhecida como "hormônio da felicidade", hoje se sabe que a dopamina tem uma personalidade yin-yang, agindo no prazer e na dor.

Mais recentemente, os cientistas começaram a mudar até sua denominação, afirmando que a dopamina não é o hormônio do bem-estar, é o hormônio dos eventos importantes.

Uma nova pesquisa agora começa a esclarecer essa múltipla personalidade do hormônio, ao identificar três subtipos genéticos de neurônios dopaminérgicos na região do mesencéfalo de animais de laboratório.

Contestando a suposição comum de que os neurônios dopaminérgicos respondem apenas a recompensas ou a sinais de previsão de recompensa, os pesquisadores descobriram que um subtipo genético dispara quando o corpo se move. E, o que é ainda mais surpreendente, esses neurônios na verdade não apresentam nenhuma resposta às recompensas.

E não é apenas um ou outro: Esses neurônios dopaminérgicos associados unicamente ao movimento representam cerca de 30% do total no animal estudado.

Dopamina e Parkinson

Esta descoberta não só lança uma nova luz sobre a natureza misteriosa do cérebro, como também abre novas direções de pesquisa para uma maior compreensão e, potencialmente, até mesmo para o tratamento da doença de Parkinson, que é caracterizada pela perda de neurônios dopaminérgicos e por afetar o sistema motor.

"Quando as pessoas pensam em dopamina, elas provavelmente pensam em sinais de recompensa," disse o Dr. Daniel Dombeck, da Universidade Northwestern (EUA). "Mas, quando os neurônios dopaminérgicos morrem, as pessoas têm problemas de movimento. Isso é o que acontece com a doença de Parkinson, e tem sido um problema confuso para a área. Nós descobrimos um subtipo que faz uma sinalização motora sem qualquer resposta de recompensa, e eles ficam exatamente onde os neurônios de dopamina morrem primeiro na doença de Parkinson. Esta é apenas mais uma dica e uma pista que parece sugerir que existe algum subtipo genético que é mais suscetível à degradação ao longo do tempo, à medida que as pessoas envelhecem.

"Estamos nos perguntando se não é apenas a perda do sinal de indutor de movimento que está levando à doença - mas a preservação do sinal anti-movimento que está ativo quando os animais desaceleram," acrescentou Dombeck. "Pode ser este desequilíbrio de sinal que fortaleça o sinal para parar o movimento. Isso pode explicar alguns dos sintomas [de Parkinson]. Não é apenas que os pacientes com Parkinson não conseguem se mover; também pode ser que eles estejam sendo levados a parar de se mover."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Unique functional responses differentially map onto genetic subtypes of dopamine neurons
Autores: Maite Azcorra, Zachary Gaertner, Connor Davidson, Qianzi He, Hailey Kim, Shivathmihai Nagappan, Cooper K. Hayes, Charu Ramakrishnan, Lief Fenno, Yoon Seok Kim, Karl Deisseroth, Richard Longnecker, Rajeshwar Awatramani, Daniel A. Dombeck
Publicação: Nature Neuroscience
DOI: 10.1038/s41593-023-01401-9
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