15/09/2012

Estudo com arroz transgênico em crianças chinesas vira escândalo internacional

Com informações da Science

Vergonhoso

Há pouco mais de uma semana, a agência de notícias oficial da China, a Xinhua, estampou em suas páginas um cartum que muitos não queriam ver.

O desenho mostra um cientista usando uma gravata com a bandeira dos Estados Unidos olhando ao microscópio enquanto alimenta uma criança chinesa com grãos de um arroz colorido, manipulado geneticamente.

O cartum ilustrava uma notícia cuja manchete era "Mais vergonhoso do que o experimento são as mentiras".

As autoridades chinesas alegam não saber do estudo, e afirmam que "crianças na área [da Província Hunan] foram usadas como cobaias".

Estudo com arroz transgênico em crianças chinesas vira escândalo internacional
Este cartum ilustrou uma notícia cuja manchete era "Mais vergonhoso do que o experimento são as mentiras".
[Imagem: Zhu Huiqing/Xinhua]

Escândalo

Jornais do mundo inteiro fizeram de conta que não viram a manchete.

Até que o grupo Greenpeace lançou um manifesto afirmando que os testes do arroz transgênico feitos com as crianças chinesas eram um "escândalo de proporções internacionais".

Finalmente, a revista científica Science dedicou uma reportagem ao assunto, ouvindo defensores e críticos dos testes - a propósito, o experimento foi realizado quatro anos atrás, mas só agora os detalhes estão vindo à luz.

Arroz transgênico

O arroz transgênico amarelo é uma versão geneticamente modificada para conter beta-caroteno, um precursor da vitamina A, que não está presente naturalmente no arroz.

O estudo realizado com as crianças chinesas se propunha a avaliar se o beta-caroteno presente no arroz transgênico seria realmente convertido em vitamina A, cuja deficiência pode causar cegueira.

Segundo o estudo, publicado em 2008, 72 crianças chinesas foram alimentadas com o arroz transgênico, com espinafre ou com cápsulas contendo beta-caroteno em óleo. A conclusão indicava que o arroz amarelo era uma fonte de vitamina A equivalente às cápsulas e melhor do que o espinafre.

Discórdia

Os problemas começaram a surgir quando os cientistas chineses participantes do estudo não concordaram com o que foi publicado por seus colegas da Universidade de Tufts (EUA), que coordenaram o experimento.

O Centro de Controle e Prevenções de Doenças da China afirmou em nota que seus pesquisadores não foram informados que "o lado norte-americano" da pesquisa havia usado arroz transgênico no estudo conjunto.

Um dos cientistas chineses, Wang Yin, chegou a dizer que não sabia da existência daquele artigo.

Outro coautor, Yi Shi, afirmou que só deu às crianças o espinafre e as cápsulas, mas não sabia do teste com o arroz transgênico.

A revista Science afirmou em seu artigo que não conseguiu acesso a nenhum dos cientistas chineses listados como coautores do estudo, relatando ainda rumores de que eles estariam sendo pressionados pelas autoridades do seu país.

A Universidade de Tufts afirmou que fará uma revisão completa do estudo, mas afirmou que uma entrevista com o primeiro autor do artigo, Guangwen Tang, "não seria apropriado".

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