31/01/2013

Pesquisadores lançam gel dental com flúor adequado às crianças

Com informações da Agência Fapesp
Pesquisadores lançam gel dental com flúor adequado às crianças
O produto já foi licenciado para uma empresa que o colocará no mercado imediatamente.
[Imagem: Divulgação]

O difícil equilíbrio do flúor

Os dentistas enfrentam um dilema para recomendar um gel dental com a concentração ideal de flúor para crianças entre 11 meses e 7 anos - quando o esmalte dos dentes está em formação.

Isso porque os géis dentais convencionais possuem uma concentração de 1.000 a 1.100 partes por milhão (ppm) de flúor.

Se ingerido em excesso por crianças dessa faixa etária, o flúor pode causar um problema caracterizado por pequenas manchas esbranquiçadas - e até mesmo amarronzadas - nos dentes: a fluorose dentária.

Já os géis dentais sem flúor, ou com 500 a 750 ppp de flúor, em suas formulações - que justamente poderiam evitar esse problema -, não são tão eficientes contra as cáries.

"As crianças pequenas, ao escovarem os dentes com um gel convencional, engolem uma grande quantidade do flúor presente na composição do produto, o que pode causar a fluorose dentária", explicou o cirurgião dentista Fabiano Vieira Vilhena.

"Por outro lado, elas não devem usar um gel dental com baixa concentração de flúor porque correm o risco de desenvolver cáries", esclareceu.

Fórmula perfeita

Na tentativa de encontrar uma solução para atacar esses dois problemas, Vilhena começou a desenvolver um gel dental acidulado com a composição de flúor mais adequada para crianças e com maior proteção contra cáries.

Após passar por testes clínicos e aprimoramentos ao longo de mais de cinco anos, o produto será lançado durante o 1º Congresso Interdisciplinar da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), que ocorre entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro, em São Paulo.

"Encontramos a fórmula perfeita para maximizar o efeito anticárie e, ao mesmo tempo, minimizar os riscos da ingestão de flúor pelas crianças. Já temos pedidos da ordem de meio milhão de unidades do produto até fevereiro", contou Vilhena.

Gel do Escovinha

Desenvolvido em conjunto com a professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), campus de Bauru, o produto, batizado de "Novo gel dental do Escovinha sabor bubble gum", tem 550 ppm de flúor em sua composição.

A principal diferença dele em relação aos géis dentais com baixa concentração do composto encontrados no mercado, no entanto, está no índice de acidez (pH).

Enquanto os géis dentais com baixa concentração de flúor convencionais têm pH neutro - em torno de 7 -, o novo produto tem pH reduzido, de 4,5.

Uma diferença que, segundo Vilhena, é a responsável pelo produto conferir maior proteção contra as cáries dentárias, com menor quantidade de flúor.

"Muitos estudos já haviam comprovado que uma formulação de 550 ppm de flúor em pH neutro tem efeito cariogênico [anticárie] limitado. Porém, até então não tinham sido realizados estudos com a mesma formulação em pH reduzido, de até 4,5, por exemplo, que é o máximo permitido para géis dentais", explicou.

Reação química na boca

O pH reduzido do gel dental promove uma reação química instantânea na boca na qual o esmalte do dente libera na saliva um composto fixado nele, chamado hidroxiapatita, formado por cálcio e fosfato. Com isso, o esmalte dos dentes fica mais fraco por alguns segundos.

O flúor presente no dentifrício, contudo, sequestra rapidamente esses dois minerais da saliva e se gruda juntamente com eles no esmalte dos dentes, onde formam um novo composto, chamado hidróxiapatita fluoretada.

"O composto, formado por cálcio, fosfato e flúor, é muito mais resistente contra o ataque ácido das bactérias causadoras de cáries", avaliou Vilhena.

Segundo Vilhena, o gel dental acidulado é mais indicado para crianças na faixa etária de 11 meses até 9 anos, para que obtenham os benefícios de prevenção contra cáries e fluorose. Mas também pode ser usada por pessoas de todas as idades.

A fórmula do produto resultou no depósito de uma patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) para a USP, onde a pesquisa foi realizada.

O produto já foi licenciado para uma empresa que o colocará no mercado imediatamente.

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