22/02/2024

Gestantes devem evitar comida rápida e ultraprocessados por uma razão inesperada

Redação do Diário da Saúde
Gestantes devem evitar fast food e ultraprocessados por uma razão inesperada
As mulheres que já deram à luz também devem tomar cuidado, já que o risco de contaminação atinge as mamadeiras.
[Imagem: Antoninho Perri/Unicamp]

Pior do que o próprio alimento ultraprocessado

Se você estiver grávida, pense duas vezes antes de encomendar um hambúrguer ou pegar um doce pré-embalado.

Curiosamente, parece que o problema não está somente nesses alimentos - sejam as batatas fritas, os hambúrgueres ou mesmo os batidos e os bolos - mas sim no material que encosta nos alimentos antes de os consumirmos.

Uma nova pesquisa mostra que os ftalatos, uma classe de produtos químicos associados aos plásticos, podem se espalhar dos invólucros, embalagens e até mesmo das luvas de plástico usadas pelos funcionários da indústria ou do supermercado para os alimentos.

Uma vez consumidos durante a gravidez, esses compostos químicos podem entrar na corrente sanguínea, através da placenta e depois na corrente sanguínea fetal. Os ftalatos podem causar estresse oxidativo e uma cascata inflamatória no feto, observaram os pesquisadores.

Pesquisas anteriores já mostraram que a exposição aos ftalatos durante a gravidez pode aumentar o risco de baixo peso ao nascer, parto prematuro e distúrbios de saúde mental infantil, como autismo e TDAH.

Gestantes devem evitar fast food e ultraprocessados por uma razão inesperada
A mesma equipe já havia comprovado que o químico presente nos plásticos gera anormalidade genital nos bebês.
[Imagem: Seattle Childrens Hospital]

Ftalatos na gravidez

Os pesquisadores constataram que os alimentos ultraprocessados compunham de 10% a 60% da dieta das participantes - 38,6%, em média. Cada proporção dietética 10% maior de alimentos ultraprocessados foi associada a uma concentração 13% maior de ftalato de di(2-etilhexil), um dos ftalatos mais comuns e prejudiciais. As quantidades de ftalato foram obtidas através de amostras de urina coletadas das mulheres do estudo.

Os alimentos ultraprocessados, observam os pesquisadores, são feitos principalmente de substâncias extraídas de alimentos, como óleos, açúcar e amido, mas foram tão alterados pelo processamento e pela adição de produtos químicos e conservantes para melhorar sua aparência ou prazo de validade que são difíceis de serem reconhecidos a partir de sua forma original.

Quando se trata de fast food, as luvas usadas pelos funcionários e os equipamentos ou ferramentas de armazenamento, preparação e serviço podem ser as principais fontes de exposição aos ftalatos. Tanto os ingredientes congelados quanto os frescos estão sujeitos a essas fontes, disseram Brennan Baker e colegas da Universidade de Washington (EUA).

A vulnerabilidade das mães a esses compostos pode resultar de dificuldades financeiras e de viverem em "desertos alimentares", onde é mais difícil obter alimentos frescos e mais saudáveis. "Não culpamos a pessoa grávida aqui," disse Baker. "Precisamos convocar os fabricantes e legisladores para que ofereçam substitutos, e opções que não venham a ser ainda mais prejudiciais."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Ultra-processed and fast food consumption, exposure to phthalates during pregnancy, and socioeconomic disparities in phthalate exposures
Autores: Brennan H. Baker, Melissa M. Melough, Alison G. Paquette, Emily S. Barrett, Drew B. Day, Kurunthachalam Kannan, Ruby HN Nguyen, Nicole R. Bush, Kaja Z. LeWinn, Kecia N. Carroll, Shanna H. Swan, Qi Zhao, Sheela Sathyanarayana
Publicação: Environment International
Vol.: 183, 108427
DOI: 10.1016/j.envint.2024.108427
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