Vilão das dietas
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) descobriram que o hormônio do crescimento, historicamente associado ao desenvolvimento ósseo e ao aumento da estatura, também atua diretamente no cérebro para conservar energia quando se perde peso.
"Descobrimos que um hormônio conhecido há décadas faz muito mais do que se imaginava", disse o professor José Donato Júnior, um dos autores do estudo, publicado na revista Nature Communications. "Receptores de hormônio do crescimento são encontrados em grande quantidade nos músculos, no fígado, em tecidos e órgãos diretamente envolvidos no metabolismo de crescimento. Mas descobrimos que o cérebro está também repleto de receptores do hormônio do crescimento. Isto é algo novo."
A principal descoberta é que, no cérebro, o hormônio do crescimento não está envolvido apenas no metabolismo do crescimento.
"Ele atua principalmente nas respostas metabólicas de conservação de energia desencadeadas quando, por exemplo, passamos fome ou fazemos dieta. Essa descoberta, que também é nova para a ciência, tem importantes implicações para se entender por que é tão difícil perder peso.
"A ciência procura há décadas entender por que é tão difícil manter o peso atingido após os sacrifícios de uma dieta bem-sucedida e por que é tão fácil recuperar o peso perdido. Até hoje, acreditava-se que a leptina fosse o principal hormônio a entrar em ação para conservar energia quando passamos fome," contou José Donato.
Leptina mais hormônio do crescimento
O que os cientistas sabiam é que, quando há perda de peso, os níveis de leptina em circulação na corrente sanguínea diminuem. Mas esse conhecimento nunca resultou na criação de alguma dieta ou terapia que fizesse os pacientes perderem e manterem o peso atingido.
"Claramente, o processo de perda de peso envolve diversos processos metabólicos e vários hormônios que não somente a leptina. É aí que entra o hormônio do crescimento. Identificamos que, quando há perda de peso, o hormônio do crescimento atua no cérebro de maneira similar à leptina. Porém, se no caso da leptina seus níveis caem, no caso do hormônio do crescimento ocorre o contrário. A perda de peso desencadeia a elevação dos níveis de hormônio do crescimento em circulação. A exemplo da leptina, a sinalização do hormônio de crescimento central também promove adaptações neuroendócrinas durante a privação alimentar," contou José Donato.
Segundo o pesquisador, a conservação de energia é tão importante ao organismo que a evolução capacitou os humanos com dois mecanismos de conservação de energia, um ativado pela leptina e outro pelo hormônio do crescimento.
"Um funciona como reserva do outro. É por isso que todas as tentativas de criar tratamentos de perda de peso unicamente baseados na leptina não tiveram resultado. Há que se atacar ao mesmo tempo o mecanismo do hormônio do crescimento," concluiu o pesquisador.
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