14/03/2022

IA e robótica abre caminho para tratar lesões na medula espinhal

Redação do Diário da Saúde
IA e robótica abre caminho para tratar lesões na medula espinhal
A inteligência artificial e a robótica ajudam a oferecer uma nova esperança aos pacientes com lesões na medula espinhal.
[Imagem: Shashank Kosuri et al. - 10.1002/adhm.202102101]

Enzima ChABC

Ao empregar inteligência artificial (IA) e robótica para formular novas proteínas terapêuticas, uma equipe de pesquisadores estabilizou pela primeira vez uma enzima capaz de degradar o tecido cicatricial resultante de lesões na medula espinhal.

A estabilização inovadora da enzima, conhecida como ChABC (Condroitinase ABC), representa uma nova esperança para pacientes que perderam movimentos em razão de lesões na medula espinhal porque, ao "dissolver" a cicatriz, torna-se possível promover a regeneração do tecido nervoso, eventualmente restabelecendo as conexões com os membros.

Além disso, a descoberta valida o uso das duas ferramentas, que poderão ser usadas no desenvolvimento de outros tratamentos e medicamentos.

"Este estudo representa uma das primeiras vezes em que a inteligência artificial e a robótica foram usadas para formular proteínas terapêuticas altamente sensíveis e ampliar sua atividade em uma quantidade tão grande. É uma grande conquista científica," disse o professor Adam Gormley, da Universidade Rutgers (EUA).

As lesões na medula espinhal impactam fortemente o bem-estar físico, psicológico e socioeconômico dos pacientes e suas famílias. Logo após uma lesão medular, uma cascata secundária de inflamação produz um tecido cicatricial denso, que pode inibir ou impedir a regeneração do tecido nervoso, tipicamente levando à perda dos movimentos.

Inteligência Artificial mais robótica

A enzima estabilizada agora, a ChABC, já era conhecida por degradar as moléculas do tecido cicatricial e promover a regeneração do tecido, mas ela é altamente instável na temperatura do corpo humano, perdendo toda sua eficácia em poucas horas, o que reduz drasticamente o efeito potencial do tratamento.

Shashank Kosuri, principal autor do estudo, destaca que essa instabilidade cria a necessidade de múltiplas infusões, muito caras, e em doses muito altas, para manter a eficácia terapêutica.

Por isso, ele e seus colegas se voltaram para copolímeros sintéticos, compostos que são capazes de envolver enzimas, como a ChABC, e estabilizá-las em microambientes hostis. O problema é que descobrir o polímero adequado é uma tarefa virtualmente impossível de se fazer na base da tentativa e erro.

A saída foi encontrada em uma abordagem de seleção das substâncias mais promissoras por inteligência artificial, seguida do uso da robótica para manuseio dos líquidos para sintetizar e testar a capacidade dos copolímeros mais promissores para estabilizar a ChABC e manter sua atividade ao redor dos 37 ºC.

Embora os experimentos tenham identificado vários copolímeros com bom desempenho, Kosuri conta que uma combinação de copolímeros específica continuou a reter 30% da enzima por até uma semana, um resultado promissor para pacientes que procuram atendimento para lesões na medula espinhal.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Machine-Assisted Discovery of Chondroitinase ABC Complexes toward Sustained Neural Regeneration
Autores: Shashank Kosuri, Carlos H. Borca, Heloise Mugnier, Matthew Tamasi, Roshan A. Patel, Isabel Perez, Suneel Kumar, Zachary Finkel, Rene Schloss, Li Cai, Martin L. Yarmush, Michael A. Webb, Adam J. Gormley
Publicação: Advanced Healthcare Materials
DOI: 10.1002/adhm.202102101
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