04/11/2018

Médicos mostram forte desinformação sobre homossexualidade

Com informações da Agência Brasil

Médicos e homossexualismo

Um estudo realizado por três pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) evidenciou o desconhecimento de médicos heterossexuais quanto à homossexualidade.

Visando identificar percepções equivocadas que podem prejudicar o atendimento de pacientes, Renata Ribeiro, Fábio Iglesias e Einstein Camargos questionaram 224 médicos atuantes no Distrito Federal, a partir de um roteiro de perguntas formuladas por estudiosos norte-americanos.

Os médicos acertaram, em média, apenas 11,8 de 18 questões, o equivalente a uma nota 6,5 em uma escala até 10. Mas teve médico que acertou apenas duas questões - nota 1.

O número de erros foi maior entre médicos que se afirmaram católicos ou evangélicos, que indicaram 11,43 alternativas corretas, em média. A pontuação dos médicos que informaram ter outras religiões ou nenhuma foi de 12,42 acertos.

Um total de 34,4% dos entrevistados não soube responder se a homossexualidade era doença (item 6), 4,9% responderam que sim. O item 10, que afirmava que uma pessoa se torna homossexual por conta própria, foi considerado verdadeiro por 32,1% dos médicos, e 13,8% não souberam responder. "Essa resposta revelou que quase metade dos médicos desconhecia os vários aspectos biopsicossociais relacionados à homossexualidade e a atribuía simplesmente a uma escolha feita pelo indivíduo," escreveu o grupo de cientistas.

Os participantes tinham, em média, 42 anos de idade, e eram majoritariamente mulheres (149 profissionais - 66,5%). À época da aplicação do questionário, a maioria (208 médicos - 92,9%) exercia a atividade após concluir a residência médica.

Os autores da pesquisa destacam que a sociedade médica tem alertado, há algum tempo, para comportamentos de profissionais da categoria que podem prejudicar o atendimento do segmento LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais). Com medo de serem hostilizadas, as pessoas pertencentes a esses grupos podem acabar deixando, por exemplo, de fazer consultas periódicas, tão importantes na detecção de doenças em estágio inicial.

Evitando os pacientes

O estudo constatou problemas como falta de treinamento dos profissionais de saúde, que têm dificuldade de abordar questões relacionadas à sexualidade, presença de barreiras e práticas institucionalizadas consideradas preconceituosas. Segundo os autores, a desinformação dos profissionais de saúde aumenta o risco de adoecimento mental, suicídio, câncer e de contração de doenças sexualmente transmissíveis.

Em alguns casos, apontou a pesquisa, a rejeição dos profissionais de saúde leva à evitação ou ao atraso no atendimento, ao ocultamento da orientação sexual, ao aumento da automedicação ou à busca de informações fora da rede médica, por meio de farmácias, de revistas, de amigos e da internet.

Alguns pacientes do segmento LGBTI só procuram o médico em situações de emergência ou em casos extremos, por receio de enfrentarem discursos homofóbicos, humilhações, ridicularizações e quebra de confidencialidade.

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