As meninas sentem a necessidade de demonstrar menos inteligência para não intimidar os meninos.
Esta é a conclusão da Dra. Maria do Mar Pereira, da Universidade de Warwick (Reino Unido), que passou três meses convivendo diariamente com uma classe de adolescentes.
"Há pressões muito fortes da sociedade que ditam o que é um homem adequado e o que é uma mulher adequada," afirma a Dra. Maria do Mar.
"Uma das pressões é que os homens jovens devem ser mais dominantes - mais fortes, mais altos, mais engraçados - do que as mulheres jovens, e que estar em um relacionamento com uma mulher que é mais inteligente vai prejudicar sua masculinidade," avalia a pesquisadora.
A pesquisadora queria saber como as crianças se viram para se adequar a esses estereótipos.
Homem de verdade e mulher de verdade
Para realizar seu estudo, a Dra. Maria do Mar precisou da permissão da escola e das autoridades para conviver durante três meses com as crianças com idades ao redor de 14 anos.
Isso permitiu que ela observasse aspectos das interações, sentimentos e comportamentos das crianças que os professores e os pais geralmente não têm tempo para observar.
"As meninas sentem que devem subestimar suas próprias capacidades, fingindo ser menos inteligentes do que realmente são, não se manifestando contra a intimidação, e se retirando de passatempos, esportes e atividades em que possam parecer pouco femininas.
"Nossas ideias sobre o que constitui um homem de verdade ou uma mulher de verdade não são naturais, são normas restritivas que são prejudiciais para as crianças de ambos os sexos.
"A crença de que os homens têm de ser dominantes sobre as mulheres faz os meninos se sentirem constantemente ansiosos e sob pressão para provar seu poder - ou seja, brigar, beber, assediar sexualmente, recusar-se a pedir ajuda e reprimir as suas emoções," disse a pesquisadora.
E os estereótipos parecem perseguir as mulheres também pela vida adulta: recentemente um estudo mostrou que as mulheres mentem para se adequar ao ideal de mãe.
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