17/11/2010

Modernidade está fazendo infância durar mais

Agência Fapesp
Modernidade está fazendo infância durar mais
O amadurecimento mais longo pode ter sido uma vantagem evolutiva em comparação com as espécies humanas extintas.
[Imagem: CC0 Creative Commons/Pixabay]

Antropologia evolutiva

As crianças parecem crescer muito rapidamente e com velocidade que dá a impressão de aumentar a cada geração.

Mas, de acordo com a antropologia evolutiva, a infância humana é longa, mais do que a dos outros primatas.

E é uma infância também mais demorada do que a dos antepassados do homem moderno, segundo um estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Infância longa

A pesquisa, feita a partir da análise de dentes de fósseis e da comparação com dados atuais, indica que o neandertal atingia a maturidade mais cedo do que o homem moderno.

Essa lentidão não é ruim, muito pelo contrário. Segundo o estudo, o amadurecimento mais longo pode ter sido uma vantagem evolutiva em comparação com as espécies humanas extintas.

O estudo, feito por cientistas dos Estados Unidos e da Europa, indica que o desenvolvimento lento e a infância longa são recentes e únicos para o gênero humano.

"Dentes registram o tempo notavelmente, capturando cada momento do desenvolvimento tal qual anéis de crescimento das árvores. Ainda mais impressionante é o fato de que nossos primeiros molares contêm uma minúscula certidão de nascimento, uma linha que permite calcular exatamente a idade de um jovem ao morrer", disse Tanya Smith, da Universidade Harvard, primeira autora do estudo.

Tudo mais rápido

Em comparação com o homem, os outros primatas têm gestação mais curta, amadurecimento mais rápido, chegam mais cedo à idade reprodutiva e vivem menos, em média.

Não se sabe quando tal diferenciação ocorreu nos cerca de 6,5 milhões de anos da escala evolucionária desde que o homem se separou dos demais primatas.

A pesquisa envolveu alguns dos mais célebres fósseis de crianças neandertais já descobertos, como o primeiro deles, encontrado em 1829 na Bélgica.

Até então, estimava-se que o fóssil fosse de uma criança de 4 ou 5 anos, mas a análise por meio de raios X com radiação síncrotron revelou que o indivíduo tinha apenas 3 anos quando morreu.

Segundo os autores, embora contar linhas nos dentes não seja um novo método, fazer isso "virtualmente", por meio de tomografia computadorizada e radiação síncrotron, é novidade em tal tipo de estudo.

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