Persistência
Ana Amália Tavares Barbosa, de 46 anos, defendeu hoje sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP).
Algo que seria corriqueiro, não fosse o fato de que Ana Amália tem paralisia em quase todo o corpo, em razão de um acidente vascular cerebral (AVC) ocorrido no dia em que deveria ter apresentado sua tese de mestrado - há dez anos.
Cumprida aquela etapa, Amália desenvolveu todo seu doutorado apenas com os poucos movimentos motores que lhe sobraram: o piscar dos olhos e o abrir e fechar da boca.
AVC tronco-cerebral
O AVC sofrido por Amália é conhecido como tronco-cerebral, em que a pessoa perde quase todos os movimentos do corpo, a fala e a capacidade de comer e beber.
Mas permanece com a consciência ativa, a cognição e a memória perfeitas.
"As únicas coisas que sobraram ela está usando e bastante, que é a cognição, a memória. E a audição, porque mesmo a visão ela tem dupla, difícil de controlar", conta a mãe Ana Mae Barbosa.
Escrevendo com a boca
Durante a defesa de sua tese, feita no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Amália respondia aos questionamentos da banca avaliadora com movimentos da boca.
Um telão mostrava um alfabeto completo, que tinha suas letras destacadas a cada segundo por um programa de computador. Para formar palavras, Amália tinha de abrir a boca quando a letra que ela queria selecionar aparecia destacada.
A tese defendida por Amália, na área de Educação e Arte, analisou a percepção corporal de alunos com algum tipo de paralisia cerebral. Os estudantes pesquisados fazem parte da Associação Nosso Sonho, onde Amália leciona.
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