Tratamento universal para covid
Cientistas demonstraram uma técnica que poderá funcionar como um meio "universal" de tratar a covid-19.
A equipe do professor Jeonghwan Kim, da Universidade do Estado do Oregon (EUA), descobriu que é possível estimular a produção de uma proteína que impede que várias variantes do vírus SARS-CoV-2 entrem nas células e causem doenças respiratórias.
Respirar partículas do vírus no ar é a principal maneira de contrair covid-19, responsável por seis milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, no final de 2019. O envelope do vírus é coberto por proteínas, conhecidas como proteínas de pico, que se ligam a uma enzima produzida por células dos pulmões.
Os cientistas desenvolveram uma técnica na qual as células do hospedeiro são induzidas a produzir uma enzima "isca", que se liga às proteínas de pico de coronavírus, o que significa que o vírus não terá mais o "gancho" que ele precisa para se prender às células nas vias aéreas do hospedeiro, tornando-se na prática incapaz de começar o processo de infecção.
A técnica consiste em "empacotar" RNA mensageiro dentro de minúsculas partículas de gordura - nanopartículas lipídicas - que são administradas por via intravenosa ou por inalação, este último sendo o método de entrega preferencial para uso em humanos - a técnica ainda não testada em humanos.
Empacotamento em nanopartículas lipídicas
Uma enzima é um tipo de proteína que atua como um catalisador para reações bioquímicas. A equipe usou a hACE2, abreviação de "enzima conversora de angiotensina humana 2", que é uma enzima presente nas células das vias aéreas - ela também é expressa no coração, rim e intestino, e tem participação em inúmeras funções fisiológicas.
Simplesmente aplicar a hACE2 a um paciente com covid-19 teria uma eficácia limitada no tratamento da doença porque a forma solúvel da enzima, o tipo que pode circular por todo o corpo, tem uma meia-vida curta - menos de duas horas -, o que significa que ela não permanece íntegra no corpo de uma pessoa por muito tempo.
Mas as nanopartículas lipídicas, contendo microRNA (mRNA) que ordena a produção da enzima, pode ajudar a superar esse problema. Os pesquisadores projetaram uma mRNA sintético para codificar uma forma solúvel da enzima, empacotaram o mRNA nas nanopartículas lipídicas e o aplicaram a células do fígado; em duas horas, a enzima estava na corrente sanguínea dos camundongos e permaneceu lá por dias.
"Em vez de usar o RNA mensageiro como vacina, isso mostra que o mRNA pode ser usado como uma terapia universal contra diferentes coronavírus," disse o Dr. Gaurav Sahay. "Apesar da vacinação em massa, há uma necessidade urgente de desenvolver opções de tratamento eficazes para acabar com esta pandemia. Várias terapias mostraram alguma eficácia, mas a alta taxa de mutação do vírus complica o desenvolvimento de medicamentos que tratam todas as variantes preocupantes".
Os próximos passos da pesquisa envolvem mostrar que a proteína previne de fato a infecção em camundongos. Segundo o Dr. Sahay, apesar de promissor, um tratamento com mRNA da covid-19 ainda levará "alguns anos" para estar disponível para pacientes humanos.
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