Intestino em um chip
Fita adesiva dupla face - do tipo que você pode ter guardada em alguma gaveta da sua casa - foi usada por pesquisadores na Suécia para montar uma versão de baixo custo de alguns dos aparelhos mais usados para simular as funções dos órgãos humanos.
A técnica dos biochips - laboratórios inteiros dentro de um único chip, usando uma tecnologia de microcanais chamada microfluídica - está revolucionando o modo como cientistas e empresas farmacêuticas desenvolvem e testam medicamentos porque permitem testar como o corpo reage aos fármacos.
Além do avanço tecnológico, essa plataforma agora pode ficar muito mais barata, viabilizando um sem-número de outras aplicações, entre as quais exames feitos na hora, no próprio consultório médico.
Thomas Winkler e seus colegas do Instituto Real de Tecnologia substituíram os materiais e técnicas geralmente caras para criar os biochips por fita adesiva dupla face comum e papel, criando um organoide que eles chamam de "intestino em um chip".
Para mostrar que seu órgão no chip realmente se comporta de maneira semelhante ao intestino humano, os pesquisadores testaram-no com um composto alimentar comum: capsaicinoides, o ingrediente ativo da pimenta. Ao alimentá-lo com o equivalente a um pimentão lampião, conhecido também como habanero, o intestino no chip respondeu como esperado: com alguma irritação.
Biochip de fita adesiva
Os órgãos em chips e biochips em geral são feitos de plásticos transparentes especiais usando técnicas caras, semelhantes às usadas na fabricação de microchips para computadores, para escavar microcanais no interior do plástico. Esses canais são revestidos por células e tecidos vivos que mimetizam a fisiologia de cada órgão que se deseja trabalhar.
A nova técnica cria os canais ocos com cortes na fita adesiva dupla face. Os canais são então revestidos pelas mesmas membranas permeáveis usadas nos biochips tradicionais, que permitem que as células cresçam. Tudo é então selado com uma folha plástica. O único equipamento necessário é uma faca automática, que custa cerca de 500 reais, que permite fazer os cortes com precisão.
"A fita substitui todos os elementos estruturais críticos, cortando-os no formato final com a faca, e tudo se encaixa facilmente porque a fita gruda na membrana permeável e nos outros materiais.
"Essa técnica pode democratizar a tecnologia órgão-em-chip para laboratórios que trabalham no desenvolvimento de medicamentos em ambientes com poucos recursos. Isso a torna mais acessível em termos de equipamento necessário para fabricar os chips internamente, bem como em termos de fabricação de chips comercialmente disponíveis," disse Thomas Winkler.
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