20/05/2021

Pode ser possível nos livrarmos da gripe para sempre

Redação do Diário da Saúde
Pode ser possível nos livrarmos da gripe para sempre
Há muito tempo os cientistas procuram por um alvo "universal" para combater os vírus, incluindo a criação de uma vacina universal contra a gripe.
[Imagem: Jessica Tanny/Brandeis]

Eliminar a gripe

Todos os anos, bilhões de doses da vacina contra a gripe são administradas em todo o mundo. Mas, no ano seguinte, o vírus sofreu mutação e precisamos criar outra vacina para lidar com a nova cepa.

A professora Tijana Ivanovic, da Universidade Brandeis (EUA), está sugerindo agora que o vírus da gripe pode dever essa sua persistência, pelo menos em parte, a estruturas em forma de cordas chamadas partículas filamentosas.

Se esta nova teoria estiver correta, então o desenvolvimento de um tratamento antiviral para atingir essas partículas pode ajudar a livrar o mundo dessa necessidade constante de vacinação contra a gripe.

As descobertas da equipe também se aplicam a vírus emergentes, como a gripe aviária e o ebola, mas não ao SARS-CoV-2, causador da covid-19, que tem uma estrutura diferente.

Partículas filamentosas

As partículas filamentosas dos vírus são conhecidas há muito tempo, tendo sido descobertas em 1946. Foi demonstrado que elas existiam lado a lado com um outro tipo de partícula viral em forma de esfera.

Mas, quando os cientistas cultivam o vírus da gripe em laboratório, observando-o passar por vários ciclos de replicação, essas partículas filamentosas simplesmente somem.

"Isso é o que tornava tão difícil dissecar sua função," disse Ivanovic. "Elas eram evasivas, então impossíveis de estudar."

Pode ser possível nos livrarmos da gripe para sempre
As partículas filamentosas permanecem no corpo muito tempo depois que os sintomas da gripe se foram.
[Imagem: Tian Li et al. - 10.1038/s41564-021-00877-0]

A equipe então desenvolveu uma técnica inédita para estudar o vírus da gripe. Depois de produzir as partículas virais em laboratório, elas foram observadas usando uma técnica chamada microscopia de fluorescência de reflexão interna total (TIRFM). Os dados do microscópio foram então usados para alimentar simulações de computador do que poderia estar acontecendo.

Isso permitiu traçar de forma mais precisa e detalhada o comportamento do vírus da gripe.

Persistência das partículas filamentosas

O que se viu é que o vírus da gripe depende das partículas esféricas para infectar nossas células. Mas, então, o sistema imunológico entra em ação, ou recebemos uma vacina, e isso desativa em grande parte as partículas esféricas. Nesse ponto, você é considerado curado do vírus.

Acontece que as partículas filamentosas ainda podem continuar infectando suas células, escapando do sistema de defesa do corpo.

Elas conseguem fazer isso por um motivo simples: Elas são de 100 a 1.000 vezes maiores do que as partículas esféricas, o que torna muito mais difícil para os anticorpos do sistema imunológico combatê-las.

Os pesquisadores afirmam que isso demonstra a necessidade de desenvolver um tratamento que possa ter como alvo as partículas filamentosas, que são muito mais persistentes.

"Temos que descobrir uma maneira de atingir o vírus como um todo, incluindo as partículas esféricas e as filamentosas," disse Ivanovic.

Checagem com artigo científico:

Artigo: The shape of pleomorphic virions determines resistance to cell-entry pressure
Autores: Tian Li, Zhenyu Li, Erin E. Deans, Eva Mittler, Meisui Liu, Kartik Chandran, Tijana Ivanovic
Publicação: Nature Microbiology
Vol.: 6, pages 617-629
DOI: 10.1038/s41564-021-00877-0
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