04/07/2019

Pouca massa muscular em braços e pernas aumenta risco de vida em idosos

Com informações da Agência Fapesp
Pouca massa muscular em braços e pernas aumenta risco de vida em idosos
Estudo feito na USP com população acima de 65 anos mostrou que mortalidade é quase 63 vezes maior em mulheres com pouca massa magra nos membros.
[Imagem: Rosa Maria Rodrigues Pereira]

Perda de massa muscular

É possível fazer uma estimativa segura da longevidade de uma pessoa acima dos 60 anos de idade avaliando sua composição corporal, particularmente a massa muscular localizada nos braços e nas pernas, conhecida como massa apendicular.

Esta estratégia de avaliação para estimar a longevidade foi desenvolvida por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) depois de acompanharem um grupo de 839 idosos ao longo de aproximadamente quatro anos.

O risco de mortalidade geral durante o período foi quase 63 vezes maior entre as mulheres com pouca massa muscular apendicular. Entre os homens que já na primeira avaliação apresentavam baixa porcentagem de músculos nos membros, a chance de morrer foi 11,4 vezes maior.

"Avaliamos a composição corporal da nossa população, com ênfase na massa muscular apendicular, gordura subcutânea e gordura visceral. Em seguida, buscamos identificar quais desses fatores poderiam predizer a mortalidade nos anos seguintes. A quantidade de massa magra nos membros superiores e inferiores foi o que mais se destacou na análise," ressaltou a professora Rosa Maria Rodrigues Pereira.

Os voluntários foram examinados por uma técnica conhecida como densitometria por emissão de raios X de dupla energia (DXA, na sigla em inglês).

Perda de massa muscular

A perda generalizada e progressiva de massa muscular associada ao envelhecimento é conhecida como sarcopenia. Dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia indicam que a condição chega a afetar 46% dos indivíduos acima de 80 anos.

Principalmente quando combinada à osteoporose, a sarcopenia pode aumentar a vulnerabilidade dos idosos, tornando-os mais propensos a quedas, fraturas e outros traumas físicos. A relação entre baixa densidade mineral óssea no fêmur e mortalidade foi também demonstrada em estudos anteriores pela mesma equipe.

O grupo de pesquisadores desenvolveu uma equação para determinar, com base nas características da população estudada, quais indivíduos poderiam ser considerados sarcopênicos.

"Pelos critérios mais usados [ajuste da massa muscular apendicular pela altura ao quadrado], a maioria dos indivíduos identificados como sarcopênicos é magra. Como a população que estudamos apresentava, em média, um IMC [índice de massa corporal] mais elevado, ajustamos o cálculo da massa muscular de acordo com a gordura corporal dos voluntários. Aqueles que apresentavam um índice de massa muscular 20% abaixo da média foram classificados como sarcopênicos," explicou Rosa Maria.

Menopausa e perda natural

As mudanças hormonais relacionadas à menopausa também ajudam a explicar a diferença observadas entre homens e mulheres - risco 63 vezes maior entre as mulheres e 11,4 vezes maior entre os homens.

"Talvez a transição rápida e significativa de um ambiente estrogênico protetor para um ambiente hipoestrogênico deletério - principalmente no que se refere ao sistema cardiovascular - faça com que o papel metabólico protetor da musculatura esquelética, que inclui a produção de citocinas anti-inflamatórias, ganhe importância na pós-menopausa. Essa alteração hormonal é muito menos abrupta nos homens," disse Rosa Maria.

A perda de massa muscular, que naturalmente ocorre após os 40 anos, pode passar despercebida pelo ganho de peso, também comum após essa idade. Estima-se que, após os 50 anos, entre 1% e 2% da massa muscular seja perdida anualmente. Entre os fatores que podem acelerar o fenômeno estão sedentarismo, dieta pobre em proteínas, doenças crônicas e hospitalização.

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