Você acha que alimentos probióticos só fazem bem para o estômago ou para o intestino? Então é melhor ver o resultado, e os esclarecimentos, de um grupo de pesquisadores brasileiros.
Na verdade, as pesquisas comprovaram que o consumo do probiótico Bifidobacterium longum pode trazer benefícios para quem sofre de asma.
Em experimentos feitos em animais, o tratamento com a bactéria diminuiu a quantidade de muco no pulmão e a presença de mediadores inflamatórios típicos de doença alérgica das vias aéreas.
Além disso, foi observada diminuição na hiper-reatividade brônquica, a contração exagerada da musculatura lisa dos brônquios característica da asma.
"Nossa hipótese é que o acetato, um ácido graxo de cadeia curta produzido em grandes quantidades por bactérias da espécie B. longum (BL), seja o responsável pela diminuição da inflamação alérgica", disse Caroline Marcantonio Ferreira, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e coordenadora da pesquisa.
Benefícios dos probióticos
Segundo Caroline, são considerados probióticos os microrganismos que, quando ingeridos vivos e em quantidades adequadas, promovem benefícios à saúde.
"Dados da literatura científica indicam que devem existir entre 107 e 109 unidades formadoras de colônia por grama ou por mililitro do alimento para entrar na definição de probiótico. Em quantidades muito pequenas, os microrganismos não conseguem colonizar o intestino e promover benefícios", afirmou.
Caroline conta que o uso de probióticos tem sido recomendado desde o século 19. Até pouco tempo atrás, no entanto, o objetivo era apenas promover benefícios locais, como a regularização do intestino e o combate a doenças inflamatórias intestinais crônicas.
"Nos últimos cinco anos, porém, estudos começaram a apontar efeitos benéficos dos probióticos em órgãos distantes, como pulmão e cérebro. Há trabalhos mostrando até que a microbiota intestinal influencia o comportamento. Mas ainda há muitas lacunas e essas relações precisam ser mais bem estudadas. Nós estamos tentando desvendar o efeito dos probióticos sobre a asma", explicou.
Probióticos contra a asma
No caso da asma, os animais que ingeriram o microrganismo BL tiveram uma redução pela metade de um tipo de célula chamada eosinófilo, um indicador da asma, em comparação com animais não tratados.
Outro probiótico usado no experimento, o Bifidobacterium adolescentis (BA), também apresentou ganhos, reduzindo os eosinófilos para 45%, contra 70% dos animais com asma sem tratamento.
Por último, no teste de função pulmonar, os pesquisadores observaram que o tratamento com BL reduziu em 35% a hiper-reatividade brônquica. O tratamento com BA não alterou esse parâmetro.
O próximo passo, de acordo com Caroline, é tratar os camundongos asmáticos com a bactéria B. longum já morta. O objetivo é verificar se o benefício do probiótico está de fato relacionado a uma substância produzida pelo microrganismo ou se a simples presença da membrana bacteriana é capaz de modular o sistema imunológico.
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