25/10/2021

Redução de sódio nos alimentos pode prevenir 2,6 mil mortes em 20 anos

Com informações da Agência Brasil
Redução de sódio nos alimentos pode prevenir 2,6 mil mortes em 20 anos
Outra pesquisa da USP mostrou que o orégano ajuda a diminuir o consumo de sal.
[Imagem: Marcos Santos/USP]

Esforço insuficiente

A redução do sódio nos alimentos industrializados no Brasil deverá prevenir mais de 180 mil novos diagnósticos de doenças cardiovasculares associadas à hipertensão, além de, nos próximos 20 anos, evitar 2,6 mil mortes decorrentes dessas doenças e 12 mil mortes por outras causas também relacionadas ao excesso sódio.

A conclusão é de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Liverpool (Reino Unido).

"O estudo teve por objetivo estimar o impacto das atuais metas voluntárias de redução do sódio no Brasil em um período de 20 anos e, a partir disso, trazer evidências para a implementação de políticas mais efetivas para a prevenção de mortes e de doenças associadas ao consumo excessivo de sódio pelos brasileiros," explicou o pesquisador Eduardo Nilson.

No Brasil, desde 2011, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) vêm estabelecendo metas para reduzir gradualmente o teor máximo de sódio em alimentos prioritários.

De 2011 até 2018, os pesquisadores identificaram a redução de apenas 0,1 grama por dia (g/dia) no consumo de sódio dos brasileiros, passando de 3,7 g/dia para 3,6 g/dia, o que mostra que a campanha parece estar trazendo muito mais lucro ao marketing das empresas do que à saúde dos consumidores.

Baseando-se nessa redução, foram estimadas as mortes e doenças cardiovasculares que serão evitadas no prazo de 20 anos. Apesar dos ganhos, a Organização Mundial da Saúde recomenda que o consumo máximo de sódio seja de apenas 2 g/dia.

Os pesquisadores avaliam que, se as metas de redução do consumo de sódio no país se aproximassem dessa recomendação e atingissem todo o mercado de alimentos, mais mortes poderiam ser evitadas. As metas atingem atualmente apenas as empresas associadas à Abia, que representa aproximadamente 70% da indústria brasileira de alimentos.

Excesso de sódio

O pesquisador alerta que é necessário atuar em várias frentes para avançar mais na redução no consumo de sódio considerando todas as suas fontes na dieta, como o sal de cozinha e temperos à base de sal. É preciso ainda, segundo ele, levar em consideração os alimentos produzidos e consumidos fora de casa e reduzir ainda mais os teores de sódio nos alimentos processados e ultraprocessados.

Para isso, é fundamental o fortalecimento da implementação das orientações do Guia Alimentar para a População Brasileira, que incluem fazer da base da dieta alimentos frescos e minimamente processados, evitar o consumo de ultraprocessados e usar ingredientes culinários em pequenas quantidades nas refeições.

E, como a "ação voluntária" das empresas não está dando os resultados esperados, pode ser necessário introduzir algum nível de obrigatoriedade e monitoramento.

"Especificamente no tocante aos alimentos processados e ultraprocessados, é necessário aumentar o impacto das metas atuais, reduzindo ainda mais o limite máximo de sódio nos alimentos, incluindo mais categorias de alimentos nas metas de redução e ampliando o alcance [das metas a] todos os produtos no mercado para além das indústrias que fazem parte dos acordos, e fortalecendo o monitoramento e a possível aplicação de sanções ao não-cumprimento das metas," concluiu Eduardo.

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