29/08/2022

Contestada teoria científica sobre como sentimos cheiros

Redação do Diário da Saúde
Teoria sobre o olfato é derrubada
A teoria mais recente é que o olfato é quântico, e não um mecanismo simples de moléculas sinalizadoras.
[Imagem: L.Turin]

Teoria sobre o olfato

Ouvimos falar de muitas descobertas, mas é menos frequente ouvir falar sobre uma "des-descoberta" - a demonstração de que algo que se acreditava cientificamente comprovado simplesmente não é verdade.

Ao estudar camundongos geneticamente modificados, cientistas descobriram agora que os receptores das células nasais ativam, no máximo, uma única proteína do tipo que é capaz de iniciar uma cascata de reações químicas, que finalmente atingem as partes do cérebro que detectam os odores.

E, na maioria das vezes, essa sinalização simplesmente não acontece - e mesmo assim os mamíferos sentem os cheiros.

Isso contesta a teoria científica dominante, que explica o mecanismo do olfato por um tipo de sinalização dentro das células: Uma única molécula receptora de proteína, uma espécie de bandeira na superfície da célula, estimularia a atividade de até centenas de moléculas de proteína a jusante para produzir o sinal, que então chegaria ao cérebro.

Proteínas de sinalização

Essa via de sinalização, conhecida hoje como sinalização do receptor acoplado à proteína G (GPCR), é onipresente em todo o corpo e é um alvo importante para o desenvolvimento de medicamentos para tratar muitas doenças, desde pressão alta até dores e doença de Parkinson. A via também medeia vários processos fisiológicos, como visão, olfato, regulação do humor, inflamação e sistema imunológico.

"Esta via de sinalização é encontrada em células de todo o corpo, servindo a todos os tipos de funções," disse o professor King-Wai Yau, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins (EUA).

A ideia dominante na ciência, elaborada na década de 1980, era que uma molécula de GPCR na superfície da célula, quando estimulada, ativaria centenas de proteínas de ligação de nucleotídeos de guanina, chamadas proteínas G. A ativação de um alto nível dessas proteínas G é chamada de alta amplificação. Isso, por sua vez, desencadearia uma reação química em cadeia.

"Na verdade, nos 30 anos seguintes, os cientistas extrapolaram, ou generalizaram, essa ideia de alta amplificação para outras vias de sinalização GPCR envolvendo proteínas G," disse Yau.

Teoria sobre o olfato é derrubada
Você sabe o que é um perfume branco?
[Imagem: WWW/WIS]

Contestada teoria do olfato

Os pesquisadores testaram essa teoria usando o olfato, já que ela representa o cerne da explicação científica atual de como sentimos cheiros.

No entanto, a equipe descobriu que a amplificação do sinal é realmente muito baixa - tão baixa que a probabilidade de um receptor odorante ativar apenas uma proteína G seria talvez de apenas 1 em 10.000, virtualmente descartando a via GPCR como explicação para o mecanismo de funcionamento do olfato.

Os resultados indicam que, quando uma substância odorante e o receptor interagem, em 99,99% das vezes o cheiro não desencadeia a reação química em cadeia que envia um sinal ao cérebro.

Assim, os cientistas agora terão que voltar às pranchetas para idealizar uma nova hipótese para tentar explicar nossa quase inexplicável capacidade de sentir cheiros.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Low signaling efficiency from receptor to effector in olfactory transduction: A quantified ligand-triggered GPCR pathway
Autores: Rong-Chang Li, Laurie L. Molday, Chih-Chun Lin, Xiaozhi Ren, Alexander Fleischmann, Robert S. Molday, King-Wai Yau
Publicação: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 119 (32) e2121225119
DOI: 10.1073/pnas.2121225119
Siga o Diário da Saúde no Google News

Ver mais notícias sobre os temas:

Sistema Nervoso

Sistema Respiratório

Cérebro

Ver todos os temas >>   

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.