02/10/2017

Vacina contra zika desenvolvida no Brasil tem primeiro sucesso e traz surpresa

Redação do Diário da Saúde

Primeiro sucesso

A vacina contra zika desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, apresentou resultado positivo nos testes em camundongos e macacos.

A aplicação de uma única dose da vacina preveniu a transmissão da doença nos animais e, durante a gestação, o contágio de seus filhotes.

É um dos mais avançados estudos para a oferta de uma futura vacina contra o vírus zika visando proteger mulheres e crianças da microcefalia e outras alterações neurológicas causadas pelo vírus.

Proteção contra microcefalia

Os testes pré-clínicos foram realizados simultaneamente no Instituto Nacional de Saúde (NIH), Universidade do Texas e Universidade Washington, dos Estados Unidos, todos parceiros da pesquisa.

Os testes obtiveram sucesso em seu objetivo, que é impedir que o vírus zika cause microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central. Os resultados foram positivos tanto nos camundongos quanto nos macacos.

Do grupo controle que não tomou a vacina, as fêmeas de camundongos tiveram aborto por conta da transmissão do vírus zika ou seus filhotes nasceram com microcefalia e outras alterações neurológicas.

Os testes em humanos deverão ser realizados a partir de 2019 na Fiocruz/Biomanguinhos, no Rio de Janeiro.

Esterilidade masculina

Além dos testes em fêmeas, foram realizados testes em camundongos machos.

Um dos achados científicos inéditos é que o vírus zika pode ser capaz de causar esterilidade nos machos. A infecção nos animais reduziu consideravelmente a quantidade de espermatozoides, a mobilidade deles (ficaram praticamente imóveis) e o tamanho dos testículos (atrofia). Esses testes não foram realizados nos macacos.

No entanto, não é possível afirmar que esse efeito também se aplique aos seres humanos. "Há uma preocupação de que esse achado evidencie que possa ocorrer um impacto similar entre os seres humanos, contudo ainda não há nenhum estudo que demonstre isso", ressaltou Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas.

A pesquisa não chegou a testar a capacidade dos animais de engravidarem fêmeas após os danos constatados nos testículos. "Estamos iniciando um novo experimento nesse sentido para verificar o impacto desta esterilidade na copulação dos animais. O que se sabe é que há uma grande quantidade de vírus na excreção do esperma, que significa que o vírus tem bastante capacidade de se replicar, causando a destruição das células que resulta em diminuição (atrofia) dos testículos e, consequentemente, a esterilidade," concluiu Pedro.

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