10/06/2020

Você está pronto para saber o que a tecnologia tem a dizer sobre você?

Redação do Diário da Saúde
Você está pronto para saber o que a tecnologia tem a dizer sobre você?
Uma visualização da condutância da pele criada pelo aplicativo Saúde Afetiva.
[Imagem: Anna Stahl/RISE]

Saúde Afetiva

Uma equipe de pesquisadores da Suécia e do Reino Unido desenvolveu uma maneira inovadora de interpretar sinais biológicos produzidos pela condutância da nossa pele.

Os dados são obtidos usando um sensor usado no pulso para medir a condutividade elétrica da pele, além de um acelerômetro para medir o movimento da pessoa.

A condutância da pele é uma medida de quanto alguém transpira, indicando suas reações emocionais e físicas e é a base para tecnologias para medir o estresse e até detectores de mentiras.

Mas o objetivo dos pesquisadores era dar uma representação mais completa do humor da pessoa.

"Nossos corpos produzem uma ampla gama de sinais que podem ser medidos. [Mas] não é fácil entender esses tipos de dados biológicos. As pessoas não estão familiarizadas com esse tipo de informação e não está claro como as pessoas gostariam de usá-la ou interagir com dispositivos que apresentam esses biodados," disse Pedro Sanches, do Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo (Suécia).

Para isso, o novo sistema apresenta as informações em forma de gráficos coloridos em tempo real, além de deixaá-los gravados, para o usuário reinterpretá-los e refletir sobre eles analisando momentos passados.

Vendo o que se quer ver

Um grupo de 23 voluntários usou os sensores e instalou em seus celulares o aplicativo, batizado de "Saúde Afetiva". Deliberadamente, os pesquisadores não disseram aos participantes para o que o aplicativo era útil, só pediram que eles o usasse e vissem seus dados, explicando que as informações eram relacionadas às suas reações físicas e emocionais, que seriam representadas por cores diferentes. Cada um devia decidir as melhores maneiras de usar a informação.

Esse projeto aberto do experimento, sem fornecer usos pré-especificados, levou alguns participantes a usar o sistema como uma ferramenta para medir e ajudar a gerenciar seus níveis de estresse. Outros, por sua vez, incluindo atletas de elite, usaram o dispositivo para obter informações sobre seus regimes de treinamento e recuperação. Outros ainda os usaram para registrar informações sobre suas vidas e rastrear emoções. Curiosamente, poucos se mostraram interessados em usar a tecnologia para mais de um propósito.

"Ficamos surpresos com o quanto a categorização inicial dos usuários coloriu o modo como eles o usaram. Se eles o consideravam uma ferramenta esportiva, eles nem sequer 'viam' os dados que falavam de estresse ou reações emocionais. Se eles o encaravam como uma ferramenta de medição de emoções, eles não viam os dados que falavam de processos sociais ou esforços devido a atividades esportivas.

"Também foi interessante ver como alguns evitaram se envolver com dados que falavam contra suas ideias sobre seus traços de personalidade. Uma pessoa se considerava uma pessoa calma, mas nos dados havia muitos picos; ela simplesmente não conseguiu reconciliar aquilo com a impressão que tinha de si mesma," contou a pesquisadora Kristina Hook.

O interessante agora é saber como se sairia no mercado um produto que não diz para o que serve: "Compre e decida como usá-lo" não é o tipo de propaganda que se vê todos os dias.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Ambiguity as a Resource to inform Proto-Practices: The Case of Skin Conductance
Autores: Pedro Sanches, Kristina Höök, Corina Sas, Anna Stahl
Publicação: 2020 ACM CHI Conference on Human Factors in Computing Systems
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