18/06/2019

Aplicativo de meditação passa por crivo de ensaio científico rigoroso

Redação do Diário da Saúde
Aplicativo de meditação passa por crivo de ensaio científico rigoroso
A Ciência da Meditação agora avança rumo aos aplicativos de celulares e tablets.
[Imagem: UCSF/Divulgação]

Aplicativo de meditação

Se você pretende tirar proveito dos benefícios espirituais e psicológicos da meditação, não precisa mais se aventurar em templos exóticos de países distantes.

Cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco desenvolveram um aplicativo de treinamento de meditação que melhorou significativamente a atenção e a memória em jovens adultos saudáveis - um grupo que já está no auge da saúde do cérebro - em apenas seis semanas.

A intervenção, chamada MediTrain, utiliza um algoritmo de circuito fechado que adapta a duração das sessões de meditação às habilidades dos participantes, para que eles não sejam desencorajados por suas tentativas iniciais de focar a atenção em sua respiração, uma técnica de meditação consagrada pelo tempo.

A equipe testou o aplicativo em um ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo - o mais rigoroso tipo de teste científico - com 59 participantes entre 18 e 35 anos de idade. Os resultados foram publicados pela revista Nature Human Behavior.

A magnitude dos efeitos sobre a atenção e a memória - inesperada para adultos jovens saudáveis - foi semelhante ao que foi visto em estudos anteriores de adultos de meia-idade após meses de treinamento individual com professores ou em retiros de meditação intensiva.

Ocorre que a meditação baseada no aplicativo criado pela equipe exige apenas 20 a 30 minutos de prática cumulativa por dia, composta de vários períodos de meditação muito curtos.

Resultados impressionantes

O aplicativo guia os participantes para que eles prestem atenção à respiração por apenas 10 a 15 segundos de cada vez.

À medida que melhoram ao longo de seis semanas, o aplicativo os desafia a aumentar a quantidade de tempo que poderiam manter o foco.

Os resultados foram impressionantes. No primeiro dia, os participantes puderam manter o foco em sua respiração por uma média de apenas 20 segundos. Após 30 dias de treinamento, esse tempo aumentou para uma média de seis minutos.

Essa melhoria, por sua vez, conferiu melhor desempenho a outras tarefas muito mais complicadas que os cientistas usaram para avaliar a atenção sustentada e a memória de trabalho. Os participantes não só tiveram um desempenho mais consistente nos testes de atenção do que no grupo placebo, como também foi detectada uma correlação entre o tempo que os participantes conseguiam o foco na respiração e a consistência com que se saíam nos outros testes. O grupo do aplicativo também apresentou um desempenho melhor do que o grupo placebo em um teste de memória de trabalho, medido após a intervenção.

O grande senão do trabalho é que, ao contrário das práticas das comunidades tradicionais ligadas à espiritualidade, o aplicativo foi patenteado pela universidade, que espera lucrar com a geração mais nova acostumada com aparelhos digitais, mas enfrenta múltiplos desafios à atenção sustentada devido ao uso pesado de mídias e tecnologia.

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