23/08/2022

Comparativo entre dieta de restrição de proteínas e dieta de restrição de calorias

Com informações da Agência Fapesp
Comparativo entre dieta de restrição de proteínas e dieta de restrição de calorias
Ensaio clínico randomizado mostrou que basta reduzir o teor proteico da dieta.
[Imagem: Pixabay]

Restrição calórica ou restrição proteica?

Há poucos dias, você viu um comparativo entre as dietas Cetogênica e Mediterrânea, ficou sabendo que uma dieta individualizada é mais eficaz do que dieta de restrição calórica e também que uma dieta de restrição calórica eleva a expectativa de vida em 35%.

Agora, pesquisadores brasileiros e dinamarqueses se juntaram com o objetivo de comparar os efeitos das dietas com restrição proteica e com restrição calórica.

E eles descobriram que reduzir o consumo de proteínas pode ajudar a controlar a síndrome metabólica e alguns de seus principais sintomas, como obesidade, diabetes e hipertensão.

A síndrome metabólica é um conjunto de condições - entre elas hipertensão, nível elevado de açúcar no sangue, acúmulo de gordura em torno da cintura e colesterol alto - que aumenta o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes.

"O estudo mostrou que diminuir o consumo de proteínas para 0,8 grama por quilograma de peso corporal foi suficiente para atingir quase os mesmos resultados clínicos de uma dieta com restrição calórica, mas sem a necessidade de reduzir as calorias ingeridas. Os resultados sugerem a possibilidade de a restrição proteica ser um dos principais fatores que levam aos efeitos conhecidamente benéficos da restrição alimentar.

"Com isso, a dieta de restrição de proteínas pode ser uma estratégia nutricional mais atrativa e relativamente mais simples de ser seguida por indivíduos com síndrome metabólica," explicou Rafael Bannitz, da USP de Ribeirão Preto.

Comparativo entre dieta de restrição de proteínas e dieta de restrição de calorias
Resumo do estudo publicado pela equipe.
[Imagem: Rafael Ferraz-Bannitz et al. - 10.3390/nu14132670]

Dieta controlada

Durante 27 dias, os pesquisadores acompanharam 21 pacientes diagnosticados com síndrome metabólica. Os voluntários foram divididos em dois grupos e permaneceram por todo o período internados no Hospital das Clínicas da USP, para que a dieta pudesse ser monitorada e seguida à risca.

A necessidade calórica diária de cada participante foi calculada com base no metabolismo basal (gasto de energia em repouso). Em um grupo, os pacientes receberam uma dieta individualizada com 25% menos calorias que o considerado ideal. Nesse caso, a escolha dos alimentos foi feita de acordo com o padrão recomendado para a população em geral (50% carboidrato, 20% proteína e 30% gordura).

No segundo grupo, o consumo calórico diário também foi calculado individualmente com base no metabolismo basal. E, embora o valor de calorias indicado para cada indivíduo fosse respeitado (nunca ultrapassado), a proporção de proteínas da dieta foi reduzida, ficando em torno de 10% (sendo 60% carboidrato e 30% gordura). Um dado importante é que não houve diferença no uso de sal. Em ambos os grupos, os pacientes consumiam 2 g de sal por dia.

Os resultados mostraram que tanto a dieta de restrição calórica quanto a de restrição proteica promoveram perda de peso devido à redução da gordura corporal e, desse modo, melhoraram os sintomas da síndrome metabólica. E a redução da massa adiposa está associada à redução da glicemia, dos níveis lipídicos e da pressão arterial.

Desse modo foi possível demonstrar que basta a manipulação de macronutrientes de uma dieta - proteína, gordura ou carboidrato - para se obter os efeitos benéficos de uma restrição alimentar. "Vimos que a restrição proteica é suficiente para reduzir a gordura corporal e manter a massa magra. Isso é muito importante, pois em muitas dietas restritivas a perda de peso está associada também à diminuição de massa muscular," comentou Rafael.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Dietary Protein Restriction Improves Metabolic Dysfunction in Patients with Metabolic Syndrome in a Randomized, Controlled Trial
Autores: Rafael Ferraz-Bannitz, Rebeca A. Beraldo, A. Augusto Peluso, Morten Dall, Parizad Babaei, Rayana Cardoso Foglietti, Larissa Marfori Martins, Patricia Moreira Gomes, Julio Sergio Marchini, Vivian Marques Miguel Suen, Luiz C. Conti de Freitas, Luiz Carlos Navegantes, Marco Antônio M. Pretti, Mariana Boroni, Jonas T. Treebak, Marcelo A. Mori, Milton Cesar Foss, Maria Cristina Foss-Freitas
Publicação: Nutrients
Vol.: 14(13), 2670
DOI: 10.3390/nu14132670
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