13/09/2022

Consumo de adoçantes artificiais aumenta risco de doenças cardíacas

Redação do Diário da Saúde
Consumo de adoçantes artificiais aumenta risco de doenças cardíacas
Outro estudo recente mostrou que alguns adoçantes artificiais podem aumentar o açúcar no sangue, em vez de diminuí-lo.
[Imagem: Jotham Suez et al. - 10.1016/j.cell.2022.07.016]

Riscos dos adoçantes

Um grande estudo realizado na França indicou uma associação direta entre um maior consumo de adoçantes artificiais e um aumento do risco de doenças cardiovasculares, incluindo ataque cardíaco e derrame.

Os resultados indicam que esses aditivos alimentares, amplamente utilizados como alternativas sem ou com baixas calorias ao açúcar, consumidos diariamente por milhões de pessoas e presentes em milhares de alimentos e bebidas, não devem ser considerados uma alternativa saudável e segura ao açúcar, em consonância com a posição atual de vários órgãos de saúde.

Vários estudos recentes têm associado o consumo de adoçantes artificiais ou bebidas adoçadas artificialmente ao ganho de peso, risco de câncer e conversão das bactérias do bem em bactérias do mal, mas os resultados permanecem confusos sobre o papel dos adoçantes artificiais na causa de várias doenças, incluindo as doenças cardiovasculares (DCV).

Além disso, vários estudos observacionais usaram o consumo de bebidas adoçadas artificialmente como um indicador para explorar o risco de doenças cardiovasculares, mas nenhum mediu a ingestão de adoçantes artificiais na dieta em geral.

Para investigar isso em detalhes, uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) usou dados de 103.388 participantes (idade média de 42 anos; 80% do sexo feminino). Um total de 37% dos participantes consumiu adoçantes artificiais, com ingestão média de 42,46 mg/dia, o que corresponde a aproximadamente um pacote individual de adoçante de mesa ou 100 mL de refrigerante diet.

Adoçantes e coração

Durante um período médio de acompanhamento de nove anos, ocorreram 1.502 eventos cardiovasculares, incluindo ataque cardíaco, angina, angioplastia (um procedimento para alargar artérias bloqueadas ou estreitadas no coração), ataque isquêmico transitório e acidente vascular cerebral.

Os pesquisadores descobriram que a ingestão total de adoçantes artificiais estava associada a um risco aumentado de doença cardiovascular, variando entre uma taxa absoluta de 346 por 100.000 pessoas-ano em consumidores que consumiam muito adoçante e 314 por 100.000 pessoas-ano em não consumidores.

Os adoçantes artificiais foram mais particularmente associados ao risco de doença cerebrovascular (taxas absolutas de 195 e 150 por 100.000 pessoas-ano em fortes consumidores e não consumidores, respectivamente).

A ingestão de aspartame foi associada ao aumento do risco de eventos cerebrovasculares (186 e 151 por 100.000 pessoas-ano em fortes consumidores e não consumidores, respectivamente), enquanto o acessulfame de potássio e a sucralose foram associados ao aumento do risco de doença coronariana (acessulfame de potássio: 167 e 164 por 100.000 pessoa-ano; sucralose: 271 e 161 por 100.000 pessoas-ano em grandes e em não consumidores, respectivamente).

Indícios robustos

Este é um estudo observacional, portanto não pode estabelecer uma causalidade, nem é possível descartar a possibilidade de que outros fatores desconhecidos (confundíveis) possam ter afetado os resultados.

Por outro lado, este foi um estudo de grande porte, que avaliou a ingestão de adoçantes artificiais dos indivíduos usando dados dietéticos precisos e de alta qualidade, e os resultados estão de acordo com outros estudos que associam a exposição a adoçantes artificiais a vários marcadores piorados de saúde.

Dessa forma, os pesquisadores afirmam que seus resultados não sugerem nenhum benefício na substituição de açúcar por adoçantes artificiais quando se tem em mente o risco de ocorrência de doenças cardiovasculares.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Artificial sweeteners and risk of cardiovascular diseases: results from the prospective NutriNet-Santé cohort
Autores: Charlotte Debras, Eloi Chazelas, Laury Sellem, Raphaël Porcher, Nathalie Druesne-Pecollo, Younes Esseddik, Fabien Szabo de Edelenyi, Cédric Agaësse, Alexandre De Sa, Rebecca Lutchia, Léopold K Fezeu, Chantal Julia, Emmanuelle Kesse-Guyot, Benjamin Allès, Pilar Galan, Serge Hercberg, Mélanie Deschasaux-Tanguy, Inge Huybrechts, Bernard Srour, Mathilde Touvier
Publicação: The BMJ
Vol.: 378:e071204
DOI: 10.1136/bmj-2022-071204
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