26/12/2018

Demonstrada conexão causal entre redes sociais e solidão

Redação do Diário da Saúde
Demonstrada conexão causal entre redes sociais e solidão
As redes sociais não parecem estar tornando as pessoas mais felizes e nem mais socializadas. Na verdade, os sites de mídia social parecem estar fazendo o oposto.
[Imagem: Diário da Saúde]

Redes sociais e emoções negativas

A ligação entre o uso dos sites de mídia social - como Facebook, Snapchat e Instagram - e o bem-estar pessoal tem sido discutida há anos, com seguidas vinculações das redes sociais com menos felicidade e emoções negativas.

E a professora Melissa Hunt, da Universidade da Pensilvânia (EUA), acredita ter obtido agora a primeira prova de uma conexão causal entre o uso das redes sociais e o aumento da depressão e do sentimento de solidão.

Segundo a psicóloga, os estudos científicos a esse respeito feitos anteriormente colocaram os participantes em situações irreais ou limitaram a amplitude, por exemplo pedindo que os voluntários abandonassem completamente o Facebook, ou fazendo os experimentos em um laboratório em tão pouco tempo quanto uma hora. Além disso, todos se basearam em dados de autorrelato dos voluntários, e não em medições objetivas.

"Nós nos propusemos a fazer um estudo muito mais abrangente e rigoroso, que fosse também mais ecologicamente válido," disse Hunt, acrescentando que o experimento incluiu as três plataformas de rede social mais populares entre uma coorte de estudantes universitários, e, em seguida, coletou dados de uso objetivo rastreados automaticamente dos aplicativos ativos rodando nos celulares durante dias normais dos voluntários.

Comparações entre pessoas

Cada um dos 143 participantes foi submetido a uma avaliação psicológica no início do estudo e teve os dados de uso de seu celular rastreados por uma semana antes do experimento. Os participantes foram então aleatoriamente designados para um grupo de controle, no qual os usuários mantiveram seu comportamento típico de mídia social, ou um grupo experimental, que limitou o tempo no Facebook, Snapchat e Instagram para 10 minutos por plataforma por dia.

As experiências duraram três semanas e os pesquisadores analisaram sete indicadores psicológicos no período, incluindo medo, ansiedade, depressão e solidão.

"Aqui está o que realmente importa: Usar menos mídia social do que você normalmente usa leva a reduções significativas tanto na depressão quanto na solidão. Esses efeitos são particularmente pronunciados para as pessoas que estavam mais deprimidas quando entraram no estudo," relata a pesquisadora.

Hunt ressalta que os resultados não sugerem que os jovens entre 18 e 22 anos deveriam parar de usar as mídias sociais, ainda que se venha constatando que os jovens sentem mais solidão do que os idosos. Na verdade, ela elaborou os experimentos desta forma para evitar o que considera uma meta irrealista - a interrupção total do uso das redes sociais. O trabalho, no entanto, sugere que limitar o tempo de tela nesses aplicativos não vai machucar ninguém.

"É um pouco irônico que reduzir seu uso de mídia social na verdade faça você se sentir menos solitário," comentou ela. Mas quando analisados mais a fundo, os resultados fazem sentido. "Uma parte da literatura científica sobre mídias sociais sugere que há uma enorme quantidade de comparação social ocorrendo. Quando você olha para a vida de outras pessoas, particularmente no Instagram, é fácil concluir que a vida de todos é mais legal ou melhor do que a sua."

O estudo, feito em parceria para Rachel Marx, Courtney Lipson e Jordyn Young, foi publicado no Journal of Social and Clinical Psychology.

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