16/04/2019

Descoberto mecanismo que vírus da gripe A usa para se replicar

Redação do Diário da Saúde
Descoberto mecanismo que vírus da gripe A usa para se replicar
Imagem de microscopia eletrônica e de fluorescência sobrepostas, onde se observa uma célula epitelial infectada com vírus da gripe A. As inclusões virais onde o genoma do vírus é montado estão destacadas em verde.
[Imagem: Sílvia Vale-Costa e Ana Laura Sousa]

Multiplicação do vírus da gripe

Há poucos dias se descobriu que os vírus não precisam estar inteiros em uma célula para causar infecção.

Mas parece que o vírus da gripe A tem uma particularidade ainda mais inusitada: o seu genoma está segmentado em oito partes distintas.

Assim, durante a multiplicação já no hospedeiro, a formação de novos vírus requer que esses oito segmentos sejam agrupados dentro de uma mesma partícula viral, o que implica uma seleção muito precisa a partir de milhares de moléculas que se encontram misturadas.

Até agora não se sabia onde essa seleção era feita, uma vez que as oito partes do material genético são replicadas muitas vezes e estão dispersas.

Inclusões virais

A equipe da professora Maria João Amorim, do Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal), descobriu que a seleção do material genético se faz em compartimentos chamados inclusões virais.

Esses compartimentos não estão delimitados por uma membrana, como acontece com as organelas tradicionalmente conhecidas nas células. Em vez disso, as inclusões virais separam-se do meio que as rodeia por um processo chamado separação de fases, semelhante ao que acontece com o vinagre e azeite quando colocados juntos.

Desta forma, os segmentos de material genético do vírus são segregados e confinados em um espaço pequeno, onde é mais fácil formar o genoma.

Doenças neurológicas e virais

A separação de fases em biologia é uma área de investigação que tem suscitado um crescente interesse, já se tendo demonstrado que alterações nesse processo são causa ou consequência de muitas doenças, sobretudo doenças neurológicas.

Com esta descoberta, abre-se o caminho para estudar o papel que a separação de fases desempenha não apenas nessas doenças, mas também em infeções provocadas por vírus, incluindo a gripe.

"Os nossos resultados abrem caminho para terapias alternativas que ataquem a formação do genoma [viral], ou o local onde o genoma é formado," disse Maria João Amorim.

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