28/12/2020

Mesmo na ficção, lembramos das mortes que nos fizeram ficar tristes

Redação do Diário da Saúde
Mesmo na ficção, lembramos das mortes que nos fizeram ficar tristes
Mas cuidado, porque os vilões da ficção podem despertar nosso lado sombrio.
[Imagem: Bence Kulcsar/Pixabay]

Quem deve morrer

As pessoas podem comemorar a morte dos vilões do mal na ficção, mas as mortes de que mais nos lembramos são os finais significativos e tristes dos personagens que nos cativaram durante a história.

Pesquisadores descobriram que, quando se pede às pessoas para relembrar a morte de um personagem fictício, elas citam muito mais as mortes percebidas como "significativas", do que aquelas vistas como "prazerosas".

"Nós nos lembramos das mortes que nos fizeram chorar e pensar mais do que aquelas que nos fizeram regozijar. Parece que, quando nos lembramos da morte, mesmo nos espaços relativamente livres de consequências da mídia de entretenimento, nós a experimentamos como uma experiência significativa e reflexiva," ponderou o professor Matthew Grizzard, da Universidade Estadual de Ohio (EUA).

Mortes significativas

O experimento envolveu 506 pessoas colocadas em três grupos, todas considerando histórias fictícias vistas no cinema ou na TV: Um grupo devia pensar em uma cena de morte que considerava particularmente significativa; o segundo devia pensar em uma morte com a qual ficaram felizes; e o terceiro grupo devia simplesmente pensar em uma cena de morte, sem qualquer qualificativo.

A maioria das pessoas em todos os grupos escolheu cenas de morte de filmes e programas de TV, embora alguns tenham escolhido cenas de videogames e histórias em quadrinhos.

Como os pesquisadores esperavam, as pessoas que deviam relembrar a morte de um personagem que consideravam particularmente prazerosa tenderam a escolher vilões, como Joffrey, de Game of Thrones.

Aquelas que deviam relembrar mortes significativas escolheram personagens mais simpáticos, mas não necessariamente aqueles que foram heróis. Snape, nos filmes Harry Potter, e Walter White, em Breaking Bad, foram mencionados com frequência.

"Quando questionadas sobre mortes significativas, muitas pessoas escolheram personagens que passaram por algum tipo de redenção. Por exemplo, Roy Batty, que foi o antagonista na maior parte de Blade Runner, mas no final tem essa ação redentora," disse Grizzard. "Darth Vader, de Guerra nas Estrelas, até apareceu algumas vezes."

Lidar com o luto

A morte de personagens de que as pessoas gostam pode ser uma forma de processar o luto ou de entendê-lo, dizem os pesquisadores.

"O cinema e a arte em geral podem nos expor a essas experiências pelas quais não queremos passar, mas sabemos que experimentaremos um dia. Isso pode nos ajudar a aprender como será essa experiência," finalizou Grizzard.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Memorable, Meaningful, Pleasurable: An Exploratory Examination of Narrative Character Deaths
Autores: Kaitlin Fitzgerald, C. Joseph Francemone, Matthew Grizzard
Publicação: OMEGA - Journal of Death and Dying
DOI: 10.1177/0030222820981236
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