Como chegar a qualquer pessoa
Há décadas os matemáticos calculam e os sociólogos pesquisam quantas pessoas você precisa contatar para chegar a qualquer outra pessoa da Terra.
E, apesar da escala extrema da sociedade humana, todos os resultados indicam que pessoas aleatórias podem ser ligadas por meio de cadeias muito pequenas de conhecidos - normalmente, cerca de seis pessoas.
Isso significa que você conhece alguém (1), que conhece alguém (2), que conhece alguém (3), que conhece alguém (4), que conhece alguém (5), que conhece quem quer que você queira (6), seja o presidente do país, seja uma pessoa morando em uma favela em Bangladesh.
Se parece difícil de acreditar, em 1967 o professor Stanley Milgram, da Universidade de Harvard, testou essa teoria usando cartas, aqueles papéis envelopados que nossos avós costumavam enviar pelo Correio para se comunicar com parentes distantes.
Agora, Ivan Samoylenko e colegas de instituições de seis países demonstraram que o número seis parece quase "mágico", e pode ser explicado por um comportamento humano muito simples: Pesar os custos e benefícios de manter laços sociais.
Seis graus de conexão
Considere indivíduos em uma rede social, interessados em ganhar destaque navegando na rede e buscando laços estratégicos.
Se o pressuposto dos cientistas estiver correto, o objetivo não é simplesmente buscar um grande número de conexões, mas obter as conexões certas - aquelas que colocam o indivíduo em uma posição central na rede. Por exemplo, buscar uma junção que faça a ponte entre muitos caminhos e, portanto, canalize grande parte do fluxo de informações na rede.
Sempre seguindo o raciocínio economicista dos cientistas, embora essa centralidade na rede ofereça um capital social extremamente valioso, ela não vem de graça, "porque a amizade tem um custo, requerendo manutenção constante".
Como resultado, propõe a equipe, as redes sociais, sejam elas online ou offline, são uma colmeia dinâmica de indivíduos que jogam constantemente o jogo do custo-benefício, cortando conexões por um lado e estabelecendo novas por outro. É um burburinho constante impulsionado pela ambição de centralidade social.
No final, quando esse cabo-de-guerra atinge um equilíbrio, todos os indivíduos têm garantida sua posição na rede, uma posição que melhor se equilibra entre sua busca por proeminência e seu orçamento limitado para novas oportunidades.
Disseminação de ideias e de vírus
Você se identifica com esses comportamentos tão interesseiros propostos pelos cientistas? Provavelmente não, mas assim é a matemática das redes que a equipe usou e que confirmou o número seis como a quantidade de interações necessárias para chegar a qualquer outra pessoa no planeta.
"Quando fizemos as contas, descobrimos um resultado surpreendente: Esse processo sempre termina com caminhos sociais centrados em torno do número seis. Isso é bastante surpreendente. Precisamos entender que cada indivíduo na rede age de forma independente, sem qualquer conhecimento ou intenção sobre a rede como um todo. Ainda assim, esse jogo autodirigido molda a estrutura de toda a rede. Ele leva ao fenômeno do mundo pequeno e ao padrão recorrente de seis graus," disse o professor Baruch Barzel, um dos autores da pesquisa.
Concorde você ou não com as motivações alegadas pelos cientistas, os caminhos curtos que caracterizam as redes sociais não são apenas uma curiosidade, eles são uma característica definidora do comportamento em rede. Nossa capacidade de espalhar informações, ideias e modismos está profundamente enraizada no fato de que são necessários apenas alguns saltos para conectar indivíduos aparentemente não relacionados.
É claro que não são só ideias que se espalham por meio das conexões sociais: Vírus e outros patógenos também usam os mesmos caminhos. As graves consequências dessa conexão social foram testemunhadas em primeira mão com a rápida disseminação da pandemia de covid-19, que demonstrou todo o poder dos seis graus. De fato, dentro de seis ciclos de infecção, um vírus pode atravessar o globo.
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