Tomate contra o câncer
Pesquisadores da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP, desenvolveram uma nova variedade de tomate, sem utilizar transgênicos.
A particularidade do fruto é que ele é roxo, por ter predominância do pigmento antioxidante antocianina, que pode ajudar a prevenir o câncer.
Em 2008, cientistas do Centro John Innes, em Norwich (Reino Unido), desenvolveram um "tomate púrpura" com características parecidas, entretanto, utilizavam-se da transgenia, o que não acontece na pesquisa do professor Lázaro Eustáquio Pereira Peres.
Antioxidantes
De acordo com Peres, além da antocianina inserida nessa nova variedade, o tomate comum já é rico em antioxidante, o licopeno, que dá a cor avermelhada ao fruto e inibe a ação dos radicais livres no organismo, contribuindo para prevenir o desenvolvimento de várias doenças cardiovasculares e câncer.
"Na verdade, o que fizemos foi criar um alimento funcional. Ou seja, produzimos uma hortaliça que faz parte, em larga escala, da alimentação humana. Por meio de cruzamentos, criamos uma variedade com substâncias e funções terapêuticas no organismo", esclarece Peres.
A inserção da antocianina na fruta, além de modificar sua cor, também criou um vegetal mais completo, com prioridades nutricionais importantes e benéficas, principalmente para quem não ingere alimentos desse tipo com a frequência devida.
Vitamina C
Peres esclarece que o resultado do acúmulo de antocianinas não prejudica a quantidade de licopeno já existente na fruta. Trata-se de antioxidantes diferentes, e que não entram em contato um com o outro, por serem armazenados em locais distintos na planta.
"Há evidências de que alimentos que acumulam simultaneamente licopeno e antocianinas sejam mais eficazes como antioxidantes do que aqueles que acumulam separadamente, já que estes dois pigmentos são complementares", explica o professor.
"Outra utilidade surgida com essa nova variedade é o aumento da quantidade de vitamina C, sendo esse ganho inerente à via fisiológica explorada para criar o tomate não transgênico, o que não ocorre com o tomate roxo transgênico. Assim, elevamos significativamente o nível de compostos ativos num mesmo vegetal", completa o pesquisador da Esalq.
Vantagens de não ser transgênico
Além de todos os benefícios apresentados, a maior vantagem do tomate roxo desenvolvido no Brasil é sua criação não-transgênica.
Nessa pesquisa, todo o processo de melhoramento genético aconteceu por meio de simples cruzamentos, ao se identificar que determinadas mutações - que controlam o acúmulo de antocianinas - poderiam ser agrupadas em uma mesma variedade de tomateiro.
Por não ser transgênica, a fruta não precisa da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que regula o tema no País.
O tomate roxo já pode ser cultivado por empresas de melhoramento genético, e, caso exista interesse comercial, poderá ser consumido pelos brasileiros em cerca de três anos.
Para obter o tomate roxo, os produtores precisariam comprar a semente original, uma vez que as plantas da primeira geração são homogêneas - isto é, tem a mesma aparência, mas não as da segunda, devido às suas mutações.
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